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Santos Benigno e Valentim – mártires

São dezoito os santos com o nome de Benigno. O santo hoje lembrado pertence aos mártires da última perseguição, no início do século IV, Diocleciano e Maximiano, imperadores. São poucas as notícias sobre o nosso santo. Nasceu e foi ordenado sacerdote em Todi. Enfrentou corajosamente as torturas e a morte. Seu corpo foi recolhido e sepultado por mãos piedosas. Na Estrada de Todi, onde foi martirizado, mais tarde surgiu um mosteiro beneditino.

Em 1904 suas relíquias foram colocadas no altar-mor da igreja de são Silvestre, fechadas numa urna de prata datada de 1679. Seu culto, embora não muito difundido no mundo, é muito sentido em Todi. Três outros santos bispos, seis mártires, seis monges e um sacerdote tiveram este nome.

De nome Valentim são dois os santos canonizados. Ambos viveram no século III. Uma simpática tradição dos países saxônicos diz que a festa de são Valentim assinalava a época de os pássaros fazerem ninhos, o despertar da natureza e do amor. São Valentim tornou-se por isso o patrono dos noivos. Qual dos Valentim? O sacerdote romano que foi martirizado em 268 ou o bispo de Terni, que foi também martirizado cinco anos depois?

O primeiro foi apresentado como sendo amigo do imperador Cláudio, o Gótico, e por ele mesmo interrogado. Suas respostas foram admiradas pelo próprio imperador que se teria dirigido aos presentes nestes termos: “Escutem a sábia doutrina deste homem”. Mas foi mandado ao suplício, pois havia convertido o prefeito e toda a sua família. O segundo Valentim conseguiu converter o famoso filósofo Crato e alguns discípulos.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santa Eulália – virgem e mártir

Eulália é uma jovem mártir espanhola. Nos mosaicos de santo Apolinário Novo de Ravena ela aparece entre duas outras virgens e mártires, Inês e Cecília. Há um pouco de confusão quanto a possível existência de mais de uma Eulália.

A Paixão de Eulália de Barcelona certamente não é anterior ao século VII e é bastante evidente sua inspiração na Paixão de Eulália de Mérida. Tudo isso é inspirado no hino que Prudêncio escreveu em 405 em honra da santa espanhola. Conforme a descrição de Prudêncio, Eulália era uma menina de apenas treze anos quando o pai, para subtraí-la à perseguição, levou-a a Mérida, em casa de uma família amiga.

Eulália nutria no coração a esperança de receber a palma do martírio. Fugiu de noite, durante a viagem, e se apresentou ao juiz de Mérida. Vencida pela fadiga da longa viagem, tímida e audaz ao mesmo tempo, profere uma única palavra “Creio”. Muito mais loquaz é a Eulália de Barcelona. Xinga o prefeito Daciano por causa da perseguição. É sua profissão de fé em Cristo. O magistrado se comove e lhe dá mais uma oportunidade de praticar a idolatria. Depois entrega-a às torturas. Pontas agudas de ferro dilaceram suas tenras carnes.

Cingido de fachos ardentes o corpo de Eulália se consome como um sacrifício sobre o altar. No momento em que a corajosa mártir reclina a cabeça, isto é, morre, veem-se sinais externos da bendita alma que deixa o corpo e penetra no paraíso. Seu corpo todo estraçalhado jaz inerte no chão. O culto de Eulália na sua dupla versão é muito popular na Espanha e na França. No início do século V foi construída uma magnífica basílica em Mérida em honra a santa Eulália.

O Martirológio Romano comemora duas Eulálias: uma a 12 de fevereiro e outra a 10 de dezembro: a de Barcelona e a de Mérida.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Nossa Senhora de Lourdes (memória facultativa)

No dia 11 de fevereiro de 1858 uma menina de 14 anos, Bernadete Soubirous, simples e humilde, que não sabia ler e escrever direito, foi em companhia de uma irmã e de uma vizinha recolher lenha perto de Massabielle. Deviam passar uma torrente descalças. Como Bernadete sofresse de asma hesitava em pôr o pé na água fria.

Ouviu um barulho entre as árvores e levantou os olhos. Viu uma senhora com as faces radiantes, vestida de branco, com uma faixa azul, toda sorridente. Recitou com Bernadete um terço, fazendo uso do rosário que trazia sempre consigo. Foi a irmãzinha de Bernadete que revelou aos pais o segredo. Proibiram a volta à gruta. Como a menina não parasse de chorar deixaram-na retornar. A aparição se repetiu no dia 18 de fevereiro.

A senhora sorriu ao gesto da menina que aspergia a rocha com água benta. Depois disse: “Queres ter a bondade de vir aqui durante quinze dias? Não te prometo a felicidade neste mundo, mas no outro”. Durante as aparições a senhora pediu que se rezasse pelos pecadores e convidou os fiéis à penitência.

No dia 25 de fevereiro convidou-a a beber numa fonte, indicando-lhe o lugar. Bernadete arranhou a superfície da terra e começou a verter água que se tornou a fonte milagrosa. A senhora manifestou o desejo de ter ali uma igreja. O pároco, incrédulo, disse a Bernadete: “Dize a essa senhora que diga o seu nome”. A resposta foi: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Havia quatro anos apenas que Pio IX proclamara esse dogma. Primeiro houve proibição da parte das autoridades, mas depois o imperador Napoleão III consentiu o acesso à gruta. Peregrinos de todas as partes do mundo vão buscar o maior dos milagres de Lourdes que é a paz do espírito. Mas houve também numerosos prodígios físicos nesses mais de cem anos de história de Lourdes.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santa Escolástica – virgem (memória)

Quanto à vida da irmã de são Bento, a única fonte histórica são os capítulos 33 e 34 do segundo livro dos Diálogos de são Gregório Magno. As lendas populares pouco acrescentaram à vida simples da santa. São Gregório Magno estava mais interessado na vida do pai do monaquismo ocidental. Parece que a data do nascimento coincide: 480. Conclui-se que eram gêmeos. Foram muito parecidos em vida e morreram no mesmo ano, com diferença de 40 dias.

Escolástica desde jovem se consagrou a Deus e seguiu o irmão ao Subiaco e depois a Cassino, onde estabeleceu o seu mosteiro ao pé de uma montanha. Estavam bastante próximos, mas Bento descia uma vez por ano para ver a irmã. Escolástica queria prolongar o colóquio, mas o irmão era rigoroso na observância da Regra.

No último encontro, na quaresma de 547, Deus quis mostrar aos santos irmãos que preferia o amor ao rigor da observância. Refere-nos são Gregório que Escolástica insistiu para o irmão ficar a noite toda para tratarem de assuntos celestiais. O santo repreendeu-a severamente, pois ele transgrediria a Regra se ficas-se. Escolástica juntou as mãos e orou intensamente. Logo desa-bou uma violenta e prolongada tempestade. Bento teve de ficar, mas culpou a irmã. Ela disse: “Pedi a ti e tu não me ouviste; pedi ao Senhor e ele me ouviu. Vai embora, se puder, volta ao teu mosteiro”.

No lugar do prodígio edificaram a igreja do colóquio. Em memória desse episódio, santa Escolástica é invocada contra os raios e também para obter a chuva. Três dias após, são Bento teve uma visão enquanto orava, pela qual entendeu que Escolástica havia morrido. Depois de quarenta dias apenas, são Bento seguiu-a na paz celestial.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santa Apolônia – virgem e mártir

Os seis anos, de 243 a 249, durante os quais Filipe, o árabe, governou o império, houve trégua nas perseguições ao cristianismo. No último ano aconteceu, conforme podemos ver em carta de Dionísio de Alexandria do Egito, um episódio que comprova não estarem os cristãos sendo perseguidos. Um charlatão alexandrino, adivinho e mau poeta, excitou a população contra os cristãos. Houve flagelação e apedrejamento. Conclui-se que não havia perseguição.

Uma virgem de nome Apolônia, antes de ser queimada viva, foi atormentada de várias maneiras. Conta Dionísio: “Todos se lançam sobre as casas dos cristãos, cada um nas casas de vizinhos e conhecidos, depredam e devastam, levam objetos preciosos e jogam fora o que não presta. É como uma cidade saqueada pelo inimigo. Os pagãos pegaram uma virgem, Apolônia, já idosa. Cortaram-lhe os seios e arrancaram-lhe os dentes. Depois fizeram uma fogueira e ameaçaram jogá-la, caso não blasfemasse. Ela pediu-lhes que a deixassem livre por um instante. Soltaram-na e ela correu sozinha para a fogueira”.

Essa atitude tem suscitado polêmicas, pois é aparente suicídio. Santo Agostinho fala no livro A cidade de Deus, mas não toma posição. Apolônia já tinha 40 anos, quando sofreu o martírio, e seu culto logo se espalhou no Oriente e no Ocidente.

Em várias cidades europeias surgiram igrejas a ela dedicadas. Em Roma erigiram-lhe uma igreja, junto a Santa Maria in Tras-tevere, hoje desaparecida. Sobre sua vida, de que não possuímos outras notícias, conta-se a incrível história de uma jovem convertida ao cristianismo, cujo pai era pagão e que ele a teria matado.

Mas além das lendas fica o exemplo de generosa oferta a Cristo feita por essa virgem que é invocada nas dores de dente. É bastante popular.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Jerônimo Emiliano – presbítero (memória facultativa)

Numa época em que a cultura tinha grande valor e a escola era privilégio de poucos, houve na Igreja florescimento de santos dedicados à instrução da juventude. Era o início do século XVI. Os santos, pelas escolas, libertavam os pobres dos preconceitos so-ciais. É um bom grupinho: Caetano de Thiene, Antônio Maria Zacaria, Ângela Mérici, Jerônimo Emiliano, Filipe Néri, José Calasanz, e outros.

A respeito de seus primeiros anos de vida sabemos pouco. Nasceu em Veneza em 1486 e foi encaminhado à carreira militar. Caiu prisioneiro em Castelnuovo (1511) quando combatia contra a Liga de Cambrai. Fechado no castelo teve ambiente e tempo para meditar sobre as coisas efêmeras e decidiu-se pelas eternas. Algo parecido com que faria santo Inácio, dez anos mais tarde. Sentiu-se impelido ao serviço dos pobres e dos jovens, dos enfermos e das pecadoras arrependidas. Após algum tempo de preparação com João Pedro Carafa, o futuro Paulo IV, foi ordenado padre.

Dez anos mais tarde, uma terrível carestia assolava a península, em seguida veio uma epidemia. Jerônimo vendeu tudo o que possuía para ajudar os indigentes. Prestou grande serviço aos órfãos e às viúvas. Seu campo de trabalho foi extenso: Verona, Bréscia, Como e Bérgamo. No lugarejo de Somasca, em Bérgamo, teve início a Sociedade dos Clérigos Regulares que mais tarde foram chamados Padres Somascos. Dedicavam-se ao ensino gratuito com o revolucionário método dialogado.

São Jerônimo Emiliano morreu em Somasca enquanto dava assistência aos doentes. Contraiu a peste e morreu do mesmo mal dos seus assistidos. Era o dia 8 de fevereiro de 1537. Foi canonizado em 1767. Pio XI nomeou-o padroeiro dos órfãos e dos jovens abandonados. Antes da reforma litúrgica sua festa era no dia 20 de julho.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Ricardo

Lucca é a cidade principal da província ao norte de Florença. De origens antiquíssimas, talvez etruscas, está situada às margens do Sérquio. No ano de 56 a.C. teve um dos momentos históricos mais importantes, a reunião de César, Pompeu e Crasso para renovação do triunvirato. Reminiscências medievais de Lucca são as igrejas de são Martinho (catedral), de são Miguel e a basílica de são Frediano. Os luquenses festejam são Frediano que deu sugestões para solucionar os problemas de inundações do Sérquio.

Sobre Ricardo lemos no Martirológio Romano: “Em Lucca, na Toscana, a deposição de são Ricardo, rei da Inglaterra e pai de são Vilibaldo, bispo de Eichstadt, e de santa Valburga, virgem’’. Não são exatas essas afirmações do Martirológio. Ricardo nunca foi rei da Inglaterra. Até o nome não é tão certo. O santo em questão teria si–do o pai também do abade Heidenheim.

No ano de 720, mais ou menos, conforme uma narração de Hugeburc, monge de Heidenheim, Vilibaldo, de vinte anos, e Vunibaldo de dezenove, partiram com o pai, da Inglaterra meridional, e mais precisamente do Hampshire. A meta, como sempre, era Roma, onde pretendiam venerar as relíquias dos apóstolos Pedro e Paulo. De lá queriam ir até a Terra Santa. Só Vilibaldo pôde completar o programa, porque Vunibaldo ficou em Roma até 739, enquanto o pai teve de interromper a viagem precisamente em Lucca, onde faleceu e foi sepultado na basílica de são Frediano, em 722.

A história dos dois irmãos, à qual se acrescenta a da irmã Valburga e outro irmão, cujo nome não se sabe, continua sendo celebrada, juntamente com a festa de são Bonifácio, apóstolo da Alemanha, no dia cinco de junho. Isso por suas afinidades e eficazes colaborações na obra da evangelização.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santos Paulo Miki e companheiros – mártires (memória)

O Japão recebeu a fé cristã por meio de são Francisco Xavier, 1549-51. Após algumas décadas de cristianismo, o número de fiéis atingia 300.000. Essa rápida expansão deveu-se a dois fatores: o respeito que os missionários jesuítas tinham para com os modos de vida dos japoneses e as crenças nipônicas que não eram de todo opostas ao cristianismo. A colaboração dos elementos nativos foi preciosa.

Paulo Miki, nascido em 1564, de família abastada, tornou-se catequista. Adiaram sua ordenação sacerdotal, pois a única diocese de Fusai ainda não recebera seu bispo. O imperador Toyotomi Hideyoshi (1587) de simpatizante tornou-se adverso aos missionários por causa da conquista da Coreia. Decretou sua expulsão.

Alguns missionários não saíram. Ficaram escondidos. Alguns franciscanos espanhóis, guiados pelo padre Pedro Batista, chegaram ao Japão através das Filipinas e foram bem acolhidos pelo imperador. Mas, pouco depois, por motivos antiespanhóis e antiocidentais houve a ruptura. No dia 9 de dezembro de 1596 foram presos seis franciscanos. Em seguida alguns terciários e catequistas (Paulo Suzuki).

Todos estes foram expostos a humilhações e arrastados de Meaco a Nagasaki para serem alvos de zombaria para o povo. Eram vinte e seis. O povo teve admiração pela coragem que demonstravam. Foram crucificados sobre uma colina de Nagasaki no dia 5 de fevereiro de 1597. Particularmente emocionantes foram as palavras de perdão e de testemunho evangélico pronunciadas por Paulo Miki, a serenidade e coragem de Luís Ibaraki (de 11 anos), de Antônio (13 anos) e de Tomás Cosaki (14 anos) que morreram entoando o salmo: “Meninos, louvai ao Senhor…”

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santa Águeda – virgem e mártir (memória)

O culto da santa de Catânia remonta ao século V, quando o papa Símaco lhe dedicou uma igreja na via Aurélia. Parece que foi são Gregório Magno que introduziu, um século mais tarde, o nome da santa no Cânon da missa. Mas acerca da mártir, popularíssima na Itália meridional e particularmente na Sicília, possuímos escassos documentos históricos autênticos. Nasceu em Catânia, embora também Palermo reclame essa honra. De qualquer modo, a santa é queridíssima nessas duas províncias.

Quanto à data do seu martírio as fontes históricas são unânimes. Toda as outras notícias não são fidedignas, embora uma ou outra possa ter algum fundamento, como acontece com as tradições populares. Pertencia a uma família rica e nobre. Suas riquezas aliadas à sua beleza acabaram por chamar a atenção do cônsul Quinciano que a pediu em casamento. Ela, porém, prometera sua vida a outro esposo, Cristo. O cônsul recorreu a uma famosa feiticeira, Afrodísia. Em vão. Afrodísia teve de se declarar vencida pela pureza e pela fé de Águeda.

Quinciano não soube aceitar essa nova derrota. Do amor passou ao ódio. Começou então a ameaçar a menina e traduziu em atos essas ameaças. Entregou-a às torturas e atrozes tormentos que as tradições populares nos pintam com particular ênfase. Quinciano mandou arrancar-lhe os seios, ocasião em que ela teria dito: “Tirano cruel, não se envergonha de danificar numa mulher aqueles seios dos quais, quando menino, tirou o sustento para a vida?”

Consumida enfim pelos carvões ardentes por ter resistido às chamas do seu pretendente, a santa é invocada para proteger o povo contra as lavas do vulcão Etna. Segundo a tradição ela reteve as erupções do vulcão um ano logo após o seu martírio, em 250.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São João de Brito – sacerdote e mártir

Filho do governador do Brasil, D. Salvador de Brito Pereira, e de sua esposa, dona Brites Pereira, nasceu João Heitor a 1º de março de 1647 em Lisboa, filho mais novo do casal. Com apenas 9 anos de idade tornou-se pajem na corte de El-rei.

Ao piedoso jovem faltou-lhe ali a direção amorosa da mãe, mas nem por isso a vida na corte causou-lhe dano, pois, como em casa dos pais, conservou-se fiel aos exercícios religiosos, e, no estudo, ativo e diligente. A sua seriedade e modéstia submeteram-no a frequentes observações e caçoadas dos levianos companheiros da corte. Perigosa enfermidade fê-lo voltar ao lar, onde os cuidados maternos e a fé na intercessão de são Francisco Xavier lhe restituíram a saúde. Aos poucos foi alimentando o desejo de ingressar na Companhia de Jesus, o que realmente fez a 17 de dezembro de 1662, contando 15 anos e dois meses.

Pouco tempo depois de sua ordenação foi mandado, com 27 confrades, para as Índias. Chegou ao porto de Goa após perigosa navegação e foi designado para a missão do Maduré. Aí conseguiu converter populações inteiras de pagãos, recebeu o governo de toda a Missão e não temeu expor-se aos maiores perigos para levar o Evangelho a toda parte.

Perseguido pelos brâmanes, que constituíam a primeira das quatro castas, regime aí mais rígido do que em qualquer outra parte da Índia, acabou por cair nas mãos deles; opositores do cristianismo, os brâmanes, soberbos pelo nascimento e posição, mestres do povo, depositários da ciência e sustentáculo da vida religiosa, viam naturalmente na nova religião proclamada uma ameaça à sua influência.

Libertado a primeira vez de cruel cativeiro, foi João de Brito enviado à Europa para tratar dos negócios das missões na Índia. Mas apressou-se a voltar, o que fez após uma visita às residências da província do Malabar. Chegou, assim, novamente a Marava, em 1691. A 8 de janeiro de 1693 foi preso novamente por uma tropa de soldados. Levado à presença do príncipe de Marava, foi condenado à morte por pregar uma doutrina religiosa estranha em seus domínios. Foi enviado depois a Urgur, onde se consumou seu martírio, pelo estraçalhamento de seu amado corpo: cortaram-lhe primeiro a cabeça, depois mãos e pés, e suspenderam o tronco com a cabeça a um poste, no local onde estivera antes do martírio a orar; após o recolhimento dessa oração dissera a seus carrascos: “Podeis fazer de mim agora o que quiserdes”.

A notícia de seu martírio inflamou o zelo dos missionários, firmou a fé dos neófitos, converteu grande número de infiéis. Muitos milagres se realizaram por sua intercessão. Foi canonizado em 1947 pelo papa Pio XII.

À semelhança de são João Batista, o heroico missionário português foi martirizado precisamente por defender a unidade e indissolubilidade do matrimônio. Fiel à palavra de Deus, durante toda a sua vida, deu o supremo testemunho pela Verdade, morrendo por ela. “Agora espero padecer a morte por meu Deus e meu Senhor… A culpa de que me acusam vem a ser que ensino a Lei de Deus nosso Senhor… Quando a culpa é virtude, o padecer é glória”. (Carta escrita no cárcere, na véspera de sua morte.)

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS