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São João Leonardo – presbítero

Repelido pelos seus próprios concidadãos (nasceu em Diecimo, perto de Lucca, em 1541, sétimo filho de Tiago e Joana Lippi), que o tinham como enviado da inquisição, abandonado por muitos de seus religiosos, são João Leonardo viveu dez anos num providencial exílio romano. Aí teve a oportunidade de estreitar amizade com são Filipe Néri, com o douto cardeal Barônio e com são José Calasans, e de fazer-se apreciar pelo papa, que lhe confiou várias missões delicadas. Esteve em Nola, em Nápoles, em Montevergine, onde era necessária a mediação de homem sábio e caridoso para levar aos antigos mosteiros a disciplina e o primitivo espírito religioso.

Ainda jovem, João Leonardo foi mandado a Lucca para aprender a arte de farmacêutico. É admirável que, achando-se na cidade sem nenhum controle da família, jovem e com dinheiro, João tenha pensado em construir uma associação juvenil, sob a direção do dominicano Bernardini, com o fim de realizar uma vida cristã mais intensa com a oração em comum e a generosa assistência aos pobres e peregrinos. Não obstante estas credenciais, o seu pedido para entrar na Ordem franciscana não foi aceito.

Aos vinte e seis anos deixou a farmácia, e sob a guia de Bernardini, empreendeu os estudos eclesiásticos e na Epifania de 1571 pôde celebrar a primeira missa. Na igreja de são João de Magione, que lhe foi confiada pelo bispo, realizou a sua grande aspiração, fundando uma escola para o ensino da doutrina cristã. O sucesso de sua obra alcançou adesões e amigos, junto com os quais fundou em 1574 a Congregação dos padres reformados que em 1614 recebeu a denominação definitiva de Clérigos Regulares da Mãe de Deus, com sede junto à igreja de Santa Maria da Rosa. O grande apóstolo do século da Reforma pagou com muitas tribulações a coragem de pregar e de sustentar, de todos os modos, a necessidade de volta à genuína prática do Evangelho, numa época de decadência geral dos costumes.

Após ter empreendido a reforma religiosa de vários mosteiros e de paróquias com espírito religioso dinâmico (doutrina cristã e comunhão frequente), impulsionado pelo zelo missionário, pensou e programou juntamente com o espanhol Vives uma congregação de sacerdotes que se dedicassem à propaganda da doutrina cristã entre os infiéis. Passou os últimos anos em Roma, onde morreu a 8 de outubro de 1609. Beatificado em 1861, teve a solene canonização em 17 de abril de 1938.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santa Pelágia

O Martirológio Romano lembra quatro santas com este nome. Trata-se de caso bastante comum de desdobramento. De duas mulheres com este nome, uma só seria a santa autêntica. Parece que a notoriedade de uma penitente, sobre a qual fala são João Crisóstomo em um dos seus sermões, tenha obscurecido o nome e as vicissitudes de uma jovem mártir de Antioquia de nome Pelágia, vítima da perseguição de Diocleciano. A menina de 15 anos testemunhou de modo muito esquisito sua fidelidade a Cristo. Quando os soldados do imperador foram à sua casa para levá-la ao tribunal que certamente a condenaria porque era cristã, Pelágia pediu-lhes para trocar de roupas. Obtida a licença, subiu ao andar superior e conscientizada do tratamento indigno a que seria exposto seu corpo, para se apresentar incontaminado à presença do Esposo, atirou-se pela janela e foi se rebentar contra a terra.

A mulher de que fala são João Crisóstomo era bailarina de Antioquia, que o povo chamava Margarida, isto é, pérola preciosa, pela rara beleza de sua face e pelos ricos ornamentos do seu corpo, tão impressionantes a ponto de numa procissão ter chamado a atenção do próprio bispo da cidade. Este, após instantes de desorientação, se recompôs e achou um modo de extrair um útil ensinamento moral daquela aparição tão sedutora: se uma mulher — comentou — torna-se tão bela para aprazer a um homem mortal, como deveremos nós enfeitar a nossa alma destinada ao eterno Deus? Aquela mulher foi atingida pela graça ao escutar ocasionalmente as palavras do bispo. Foi prostrar-se aos seus pés e obteve o batismo. Trocou, portanto, os preciosos vestidos por uma túnica de penitente.

Abandonando de noite a cidade de Antioquia, foi a pé até Jerusalém, onde viveu o resto dos seus anos de vida fechada numa gruta no monte das Oliveiras.

Qual das duas Pelágias comemora hoje o calendário cristão? A jovem virgem e mártir ou a penitente? Como a Igreja primitiva reservasse culto especial aos mártires, podemos deduzir que a santa honrada neste dia seja a jovenzinha de Antioquia.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Nossa Senhora do Rosário

O Rosário nasceu do amor dos cristãos por Maria na época me-dieval, talvez no tempo das cruzadas à Terra Santa. O objeto da recitação desta oração, o terço, é de origem muito antiga. Os anacoretas orientais usavam pedrinhas para contar o número das orações vocais. Nos conventos medievais os irmãos leigos, dispensados da recitação do Saltério, pela pouca familiaridade com o latim, completavam as suas práticas de piedade com a recitação dos pai-nossos, e para a contagem, são Beda, o Venerável, sugerira a adoção de vários grãos enfiados num barbante. Depois, narra uma lenda, a própria Nossa Senhora, aparecendo a são Domingos, indicou-lhe a recitação do Rosário como arma eficaz para debelar os hereges albigenses.

Nasceu assim a devoção do Rosário, que tem o significado de grinalda de rosas oferecida a Nossa Senhora. Os promotores desta devoção foram os dominicanos, que também criaram as confrarias do Rosário. Foi o papa dominicano, são Pio V, o primeiro a encorajar e a recomendar oficialmente a recitação do Rosário, que em breve se tornou a oração popular por excelência, uma espécie de breviário do povo, para ser recitado à noite em família.

Aquelas ave-marias recitadas em família estão animadas de autêntico espírito de oração: “Enquanto se prossegue na doce e monótona cadência das ave-marias, o pai ou a mãe de família pensam nas preocupações familiares, no menino que atendem, ou nos problemas provocados pelos filhos mais velhos. Este emaranhado de aspectos da vida familiar sofre então a iluminação dos mistérios salvíficos de Cristo, e é espontâneo confiar tudo à Mãe do milagre de Caná e de toda a Redenção” (Schillebeeckx).

A celebração da festividade hodierna foi instituída por são Pio V para comemorar a vitória de 1571 em Lepanto contra a frota turca (inicialmente dizia-se: Santa Maria da Vitória). A festividade do dia 7 de outubro, que naquele ano caía no domingo, foi estendida em 1716 à Igreja universal e fixada definitivamente por são Pio X em 1913. A festa do Santíssimo Rosário, como era chamada antes da reforma do calendário de 1960, resume, em certo sentido, todas as festas de Nossa Senhora.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Bruno – presbítero

“O proveito e a alegria que a solidão e o silêncio do ermo trazem a todos os que o amam, só os que tiveram a experiência podem apreciar”. Assim escrevia são Bruno a um amigo, pouco antes de morrer a 6 de outubro de 1101, em Torre, na Calábria. O século XI, rico de fer-mentos religiosos, é caracterizado por renovado desejo de vida solitária, segundo as regras eremíticas da vida monástica primitiva. Exemplo inalterado desse modelo de vida cenobítica é a cartuxa da serra são Bruno, no coração da Calábria, que o próprio santo eremita elogiava “pela suavidade da sua atmosfera e pela planície vasta e risonha, cercada de montanhas, de verdejantes pastos e adornada de flores”. A igreja, único lugar onde os irmãos se encontram para recitar o Ofício divino, é coroada por pequenas casas de dois quartos, um térreo, destinado ao trabalho e outro superior, a morada do monge, onde ele ora e repousa.

Fechado no arco das celas está o cemitério do ermo: amontoados de terra com uma cruz de madeira em cima, na qual não aparece nem o nome do sepultado. “Esta paz que o mundo ignora — escreve ainda o santo — é propícia à alegria do Espírito Santo”.

São Bruno, nascido em Colônia em 1035, de família nobre, terminara seus estudos na escola episcopal de Reims, aonde, após a ordenação sacerdotal, voltou na qualidade de professor de teologia. Entre seus alunos estiveram Eudes de Châtillon, o futuro papa Urbano II e santo Hugo de Grenoble. Nomeado chanceler do arcebispo de Reims, opôs-se à eleição simoníaca do bispo Manassés, mais tarde deposto por Gregório VII, que chamou o próprio Bruno para suceder a Manassés.

Tendo o rei posto veto à sua eleição, Bruno decidiu pôr em prática uma antiga aspiração de sua juventude. Retirou-se primeiramente para Sèche-Fontaine, junto ao mosteiro de Molesme, na ermida que o abade são Roberto lhe concedeu. Depois foi para o território de Grenoble onde fundou a ordem dos cartuxos. O Papa Urbano II, ex-aluno de são Bruno, escolheu-o para conselheiro e o chamou a Roma. A estada em Roma foi breve. Os monges, não se adaptando à cidade (construíram uma cartuxa junta às Termas de Diocleciano), tiveram a licença de voltar a Grenoble, enquanto o abade Bruno, deixando a Cúria Pontifícia, pôde descer à Itália meridional para erigir uma nova cartuxa, no modelo da francesa.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Dionísio – bispo

São conhecidos 22 santos (ou veneráveis, beatificados) com o nome de Dionísio e três santas mártires (Dionísia). Comemoramos a 8 de abril são Dionísio de Corinto, cujo elogio foi feito por são Jerônimo e Eusébio de Cesareia e que viveu em meados do século II. Alguns de seus homônimos são mais célebres do que ele, como são Dionísio, bispo de Paris, no século III, que foi decapitado juntamente com Rústico e Eleutério e é lembrado no atual calendário no dia 9 de outubro. Sobre o seu túmulo, na colina de Montmartre, foi edificada uma basílica, junto à qual no ano de 630 o rei Dagoberto fundou uma abadia, cujos monges foram os responsáveis mais diretos pela confusão entre esse mártir e outros Dionísios (Dionísio Areopagita e Dionísio de Alexandria).

O Areopagita, de quem os Atos dos Apóstolos nos lembram que foi um dos poucos atenienses que acolheram a pregação de são Paulo, é considerado autor de obras que influenciaram profundamente a cultura medieval (A hierarquia celeste, A teologia mística, A hierarquia eclesiástica, Os nomes divinos). Muitos, porém, acham que foi um monge sírio quem as escreveu entre 480 e 530. Parece lendária a notícia de que o Areopagita teria observado o eclipse do sol que acompanhou a crucificação do Senhor e que tenha estado também presente à Dormitio (morte ou passagem) de Maria Santíssima. Dionísio, o Grande, bispo de Alexandria de 247 a 264, teve problemas com as perseguições de Filipe, o árabe, Décio e Valeriano.

Sob Décio, correu o risco de nem ser preso enquanto… ficou em sua casa. Após quatro dias de intensa procura, o bispo estava tranquilamente no seu próprio palácio, onde ninguém tinha pensado em procurá-lo. Quando finalmente decidiu fugir foi preso, mas uma multidão de camponeses, em festa, o libertou. Eles estavam um tanto bêbados.

Discípulo de Orígines e diretor da Escola de Alexandria, foi também fecundo escritor: restam-nos apenas duas cartas e vários fragmentos de outras sobre problemas dogmático-disciplinares da penitência dos lapsi (decaídos) e da reiteração do batismo dos hereges. Redigiu também uma Refutação e uma Apologia para esclarecer o seu próprio pensamento sobre a doutrina trinitária.

Em tempos mais recentes, de 1402 a 1471, viveu outro grande Dionísio: o de Rijkel, chamado Dionísio “Cartuxo”, cuja produção literária foi recolhida em 42 volumes. Catorze deles são dedicados a amplo comentário à Bíblia. Foi declarado venerável e sua festa é no dia 12 de março.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Francisco de Assis – religioso

Com apenas 44 anos de idade, a 3 de outubro de 1226, morria no chão nu da Porciúncula de Santa Maria dos Anjos, proximidades de Assis, o autêntico arauto da perfeição evangélica, são Francisco. Com a idade de 24 anos, tinha se despojado de tudo: riquezas, ambições, orgulho, e até da roupa que usava, para desposar a Senhora Pobreza e repropor ao mundo, em perfeita alegria, o ideal evangélico de humildade, pobreza e castidade. Nascido numa cidade de comércio, de pai comerciante, o jovem rebento de Bernardone gostava das alegres companhias e gastava com certa prodigalidade o dinheiro do pai. Aos vinte anos, quis alistar-se como cavaleiro no exército de Gualtieri de Brienne, que combatia pelo papa, mas em Espoleto, teve um sonho revelador no qual era convidado a seguir de preferência o Patrão do que o servo.

Voltando a Assis, dedicou-se ao serviço dos doentes e pobres e num dia do outono de 1205, enquanto meditava extasiado na igrejinha de São Damião, pareceu-lhe ter ouvido uma voz saída do crucifixo: “Vá escorar a minha Igreja, que está desabando”. Com a renúncia definitiva aos bens paternos, aos 25 anos, Francisco deu início à sua vida religiosa. Na primeira etapa vemos Francisco em hábito de eremita, vivendo solitário e errante, até que uma frase luminosa do Evangelho impeliu-o à pregação e à constituição do primeiro núcleo da Ordem dos Frades Menores, cuja regra foi aprovada pelo papa Inocêncio III.

Esse segundo capítulo da vida do santo é caracterizado por intensa pregação e incessantes viagens missionárias, para levar aos homens, frequentemente armados uns contra os outros, a mensagem evangélica de paz e bem. Após ter-se aventurado a uma viagem à Terra Santa, à Síria e ao Egito, em 1220 voltou para Assis e tratou de pôr em ordem a própria casa, redigindo a segunda Regra, aprovada por Honório III. Já debilitado fisicamente pelas duras penitên-cias, entrou na última etapa de sua vida, que assinalou a sua perfeita configuração a Cristo, até fisicamente, com o sigilo dos estigmas, recebidos no monte Alverne a 14 de setembro de 1224.

Autor do Cântico do Irmão Sol, um dos santos mais amados pelo mundo inteiro, são Francisco foi canonizado dois anos após a morte. Em 1939, Pio XII tributou um ulterior reconhecimento ofi-cial ao “mais italiano dos santos e mais santo dos italianos”, proclamando-o padroeiro principal da Itália.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santa Maria Josefa Rossello

“Coração para Deus, mãos para o trabalho”, era a exortação que Maria Josefa Rossello repetia com frequência às Filhas de Nossa Senhora da Misericórdia. Esse lema foi também o seu programa de vida, que atuou com generosa dedicação a Deus e ao próximo, desde os primeiros anos da sua juventude. Nascida em Albissola Mariana (Savona) a 27 de maio de 1811, a quarta filha de humilde fabricante de vasilhas, aprendeu logo a modelar a argila na oficina paterna, deixando-se ao mesmo tempo modelar pela graça. Inscreveu-se na Ordem Terceira de são Francisco. Aos dezenove anos foi trabalhar na casa dos Monleone para assistir o chefe da família que estava enfermo. Após a morte do marido, a viúva pediu a Benedita (esse era o nome de batismo da santa) que ficasse em sua casa, não mais como empregada, mas como filha adotiva, com a perspectiva de herdar toda a riqueza, pois os Monleone não tinham filhos.

Benedita passara sete anos naquela casa rica, com o coração em Deus, sonhando consagrar-se totalmente ao seu serviço. Rejeitando a oferta lisonjeira, foi bater na porta de um instituto de caridade, mas teve dolorosa recusa: não dispunha do dote suficiente para ser admitida ao noviciado. Dois lutos familiares, sua irmã Josefina de 17 anos e o pai, impuseram-lhe o dever de cuidar da família. Todavia Benedita respondeu com generosidade ao apelo do bispo Agostinho de Mari, que procurava colaboradoras a quem confiar a educação das meninas pobres.

A 10 de agosto de 1837, Benedita e duas companheiras davam início à fundação do novo instituto em modesta casa alugada. Aos 22 de outubro do mesmo ano vestiam o hábito religioso e Benedita assumia o nome de irmã Maria Josefa. Em 1840 a pequena congregação conta com sete irmãs professas e quatro noviças. Maria Josefa; eleita superiora, teve de guiar o barco sozinha, porque no mesmo ano o bispo de Mari morreu. Irmã Maria Josefa soube conduzir a bom termo várias iniciativas, incluindo a corajosa obra de resgate dos escravos africanos, dando asilo a numerosas meninas de cor, provindas de humilhante escravidão. Com a sua luminosa confiança na Providência, erigiu várias casas (todas dedicadas à Providência) para aí acolher as meninas pobres. Em 1869, abriu o Pequeno Seminário para meninos, filhos de operários pobres, encaminhando-os gratuitamente à carreira eclesiástica. Morreu aos 69 anos a 7 de dezembro de 1880, na casa-mãe, em Savona. Em 12 de junho de 1949 Pio XII incluía seu nome no catálogo dos santos.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santos Anjos da Guarda

Quase cada página da Revelação escrita, diz são Gregório Magno, atesta a existência dos anjos. No Novo Testamento aparecem no evangelho da infância, na narração das tentações do deserto e da consolação de Cristo no Getsêmani. São as testemunhas da Ressurreição, assistem a Igreja que nasce, ajudam os apóstolos e transmitem a vontade divina. Eles prepararão o juízo final e executarão a sentença, separando os bons dos maus e formarão uma coroa ao Cristo triunfante. Os anjos são mencionados mais de trezentas vezes no Antigo e no Novo Testamento. Além dessas referências bíblicas, que por si só justificam o culto especial que os cristãos reservaram aos anjos desde os primeiros tempos, é a natureza destes espíritos puros que estimula nossa admiração e nossa devoção.

Eles são antes de tudo os mediadores das mensagens da verdade divina, iluminam o espírito com a luz interior da palavra. E são também guardiões das almas dos homens, sugerindo-lhes as diretivas divinas; invisíveis testemunhas dos seus pensamentos mais escondidos e das suas ações boas ou más, claras ou ocultas, assistem os homens para o bem e para a salvação. “Os anjos — dizia Bossuet — ofe-recem a Deus as nossas esmolas, recolhem até os nossos desejos, fazem valer diante de Deus também os nossos pensamentos… Sejamos felizes de ter amigos tão prestativos, intercessores tão fiéis, intérpretes tão caridosos’’. Fundamentando a verdade de fé na própria afirmação do Redentor, a Igreja nos diz que cada cristão, desde o momento do ba-tismo, é confiado ao seu próprio Anjo, que tem a incumbência de guar-dá-lo, guiá-lo no caminho do bem, inspirando bons sentimentos, proporcionando a livre escolha que tem como meta Deus, Supremo Bem.

A liturgia de 29 de setembro, que celebra Miguel, Gabriel e Rafael, lembra ao mesmo tempo todos os coros angélicos: os anjos, os arcanjos, os tronos, as dominações que adoram, as potestades que tremem de respeito diante da Majestade divina, os céus, as virtudes, os bem-aventurados serafins e os querubins. Mas desde o século XVI começou-se a celebrar uma festa distinta para os santos Anjos da guarda, universalizada por Paulo V, depois que em 1508 Leão X aprovou o novo Ofício composto pelo franciscano João Colombi. Da península ibérica, onde teve início o culto, à França e à Áustria, a festa se espalhou por todo o mundo cristão.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santa Teresa do Menino Jesus – virgem

Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face (Teresa Martin) nasceu em Alençon, na França, em 1873 e morreu em 1897; deu à sua breve existência o cunho inigualável do sorriso, expressão daquela alegria ultraterrena, que segundo as suas palavras “não está nos objetos que nos circundam, mas reside no íntimo mais profundo da alma”. Inclinada por temperamento à calma e à tristeza, Teresa, com lindos cabelos loiros, olhos azuis, traços delicados, alta, extraordina-riamente bela, quando escrevia no seu diário: “Oh! sim, tudo me sorrirá aqui na terra”, era uma época em que estava experimentando injustiças e incompreensões. Já atingida pela tuberculose pulmonar, debilitada nas forças, não rejeitava trabalho algum e continuava “a jogar a Jesus flores de pequenos sacrifícios”.

Qualquer que tenha lido as páginas estupendas dos seus cadernos onde ia traçando, por obediência, as suas experiências interiores, publicadas depois sob o título de História de uma alma, bem sabe que esses sacrifícios não eram pequenos. Teresa deu à sua vida de ascese o título de Infância espiritual não por natural tendência de pôr tudo no diminutivo, mas por escolha muito precisa conforme o convite do Evangelho de “ser pequeno como criança”. Ela escreve: “Eu havia me oferecido a Jesus Menino como brinquedo, e lhe havia dito que não se servisse de mim como uma coisa de luxo, que as crianças se contentam com guardar, mas como uma pequena bola sem valor, que ele pudesse jogar no chão, empurrar com os pés, deixar em um canto, ou também apertar contra o coração, quando isso lhe agradasse. Numa palavra, queria divertir o Menino Jesus e abandonar-me aos seus caprichos infantis”.

A vida da infância espiritual é também a expressão da sua profunda humildade. Os nove anos que passou no Carmelo de Lisieux (aí entrou aos quinze anos, após ter ido a Roma pedir autorização ao papa), viveu-os tão intensamente a ponto de oferecer ao mundo católico a surpreendente imagem de santa, aparentemente estranha ao mundo em que viveu, sem relações espirituais com o mundo moderno. No entanto, estava tão imersa na realidade da vida eclesial a ponto de ser declarada em 1927, dois anos após sua elevação às honras dos altares, padroeira principal das missões, e ser invocada desde 1944 como padroeira secundária da França, ao lado da guerreira Joana D’Arc.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Jerônimo – presbítero e doutor da Igreja

O século IV depois de Cristo, que teve o seu momento culminante no ano de 380 com o edito do imperador Teodósio no qual se estabelecia que a fé cristã devia ser adotada por todas as populações do império, está repleto de grandes figuras de santos: Atanásio, Hilário, Ambrósio, Agostinho, João Crisóstomo, Basílio e Jerônimo, dálmata, nascido entre 340 e 350 na cidadezinha de Strido. Romano de formação, Jerônimo é espírito enciclopédico. Sua obra literária nos revela a cada instante o filósofo, o retórico, o gramático, o dialético, capaz de escrever e pensar em latim, em grego, em hebraico, escritor de estilo rico, puro e robusto ao mesmo tempo. A ele devemos a tradução em latim do Antigo e do Novo Testamento, que se tornou, com o título de Vulgata, a Bíblia oficial do cristianismo.

Jerônimo é personalidade fortíssima: em toda parte por onde vai suscita entusiasmos ou polêmicas. Em Roma ataca os vícios e hipocrisias e preconiza também novas formas de vida religiosa, atraindo para elas algumas influentes damas patrícias (de Roma), que o seguiram depois na vida eremítica de Belém. A fuga da sociedade deste exilado voluntário era gesto ditado por sincero desejo de paz interior, não sempre duradouro, uma vez que, para não ser esquecido, reaparecia de vez em quando com algum novo livro. Os “rugidos deste leão do deserto” eram ouvidos tanto no Ocidente como no Oriente. Suas violências verbais não perdoavam ninguém. Teve palavras duras para com Ambrósio, com Basílio e com o próprio Agostinho, que teve de engolir amargos bocados. Isso é confirmado pela correspondência entre os dois grandes doutores da Igreja, chegada a nós quase inteira. Mas sabia aliviar as intemperanças do seu caráter quando ao polemista prevalecia o diretor espiritual.

Toda vez que terminava um livro ia visitar as monjas que dirigia na vida ascética num mosteiro não distante do seu. Ele as escutava, respondendo às suas perguntas. Estas mulheres inteligentes e vivas foram como um filtro às suas explosões menos oportunas e ele as recompensava com o sustento e o alimento de uma cultura espiritual bíblica. Este homem extraordinário estava consciente de suas próprias culpas e de seus limites (batia-se no peito com pedras por causa dos seus pecados), mas estava consciente também dos seus merecimentos. No livro Homens Ilustres, em que apresenta um perfil biográfico dos homens ilustres, conclui com um capítulo dedicado a ele mesmo. Morreu aos 72 anos, em 420, em Belém.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS