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Santos Otávio, Solutor e Aventor – mártires

No Martirológio Romano, na data de 20 de novembro, lemos: “São festejados em Turim os santos mártires Otávio, Solutor e Aventor, soldados da legião tebana, os quais sob o imperador Maximiano, combatendo valorosamente, foram coroados pelo martírio”. O inciso “combatendo valorosamente” refere-se evidentemente à sua declaração de serem cristãos, e portanto à sua vontade de permanecerem fiéis à profissão de fé cristã, não obstante o clima de perseguição instaurado por Maximiano, o feroz colega do imperador Diocleciano. Não conhecemos porém com certeza em quais circunstâncias Otávio, Solutor e Aventor foram coroados com o martírio.

A própria informação de que eram soldados da legião tebana funda-se, na realidade, em uma paixão bastante tardia. Foi de fato entre 432-450 que foi redigida a paixão de são Maurício e companheiros, da qual depende a de Otávio, Solutor e Aventor. Parece até que fosse costume bastante difundido naquela época considerar membros da legião tebana os mártires de sexo masculino dos quais se ignorasse tudo ou quase tudo. Dos nossos três santos, a paixão do século V narrava que tinham conseguido escapar do massacre geral de Agaunum, porém, a fuga teria sido descoberta e foram imediatamente seguidos.

A caçada terminou nas proximidades de Turim: Aventor e Otávio, alcançados, foram trucidados no local. Solutor, talvez porque mais jovem e ferido levemente, conseguiu prosseguir na fuga. Chegando às margens de Dora Riparia, encontrou refúgio numa gruta de areia. Uma vez descoberto também foi decapitado bem no meio de um pântano. Uma piedosa cristã e matrona romana, Juliana, conseguiu recuperar o seu corpo, como já havia recuperado os corpos de Aventor e Otávio. Sepultados nas vizinhanças de Turim, construiu sobre os sepulcros uma das células oratórias, isto é, uma capelinha que mais tarde foi ampliada em basílica pelo bispo Vítor, no fim do século V.

Mais tarde o bispo Gesão renovou a basílica e incorporou-a a mosteiro beneditino dedicado a são Solutor e que teve como primeiro abade certo Romano, a quem sucedeu são Goslino (ou Goselino). Quando os franceses ordenaram a demolição do mosteiro em 1536, os corpos dos três mártires foram transferidos para a Consolata e finalmente em 1575 foi levantada a igreja dos mártires, que ainda hoje hospeda suas relíquias.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Bem-aventurado Roque Gonzalez e companheiros – mártires

Roque Gonzalez de Santa Cruz nasceu em Assunção, Paraguai, em 1576, filho de pais espanhóis, de elevada posição e de autêntico cristianismo. Em sua infância e adolescência sobressai entre seus companheiros por sua vida de honestidade, recolhimento e pureza, por seu espírito e prática de oração ou piedade, bem como pela frequente recepção dos sacramentos, máxime da eucaristia, o que na época era exceção. Exercia, além disso, entre seus colegas, verdadeira liderança, e todos lhe queriam bem. Notável era a sua coragem e seu caráter era forte e coerente em tudo que dizia respeito a Deus e à religião.

Desde cedo Roque se preocupou com a sorte dos índios, cuja língua dominava. Pouco a pouco e vida afora, passou a conhecer e atingir profundamente a alma guarani. Sentia, porém, mais que tudo a exploração indigna e inumana, de que o índio era alvo constante da maioria dos “encomenderos”. Estudou com os jesuítas. Foi ordenado sacerdote em Assunção, contando apenas 22 anos de idade.

Recém-ordenado, o P. Roque já teve sua primeira missão junto aos índios ervateiros — que trabalhavam em verdadeira escravidão — na serra de Maracaju, ao norte de Assunção. Fez-se aí tudo para todos. Mas regressou para Assunção por ordem superior e foi nomeado cura da catedral. Ao que parece, não teve aceitação de todos, sobretudo de espanhóis e “encomenderos”, porque se preocupava demais com os índios e porque não era “letrado” — tinha estudado apenas em Assunção, e não em Alcalá ou Salamanca…

Todavia, espalhava-se sua fama de sacerdote virtuoso, dedicado e prudente. Não queria honrarias, por isso recusou o cargo de Provisor e Vigário Geral da Diocese, e buscou as fileiras da Companhia de Jesus, na qual entrou a 9 de maio de 1609, sentindo-se à vontade entre os filhos de santo Inácio, reconhecendo aí sua verdadeira vocação.

Pouco após sua entrada, foi-lhe confiada, junto com o experimentado P. Vicente Griffi, uma das tarefas mais difíceis e perigosas: a pacificação dos terríveis, belicosos e valentes guaicurus do Chaco. Foi depois, como o chamaram, o segundo fundador da redução modelo de santo Inácio Guaçu. Em 1611, ganhou aí do P. Torres Bollo, provincial, um quadro de Nossa Senhora da Conceição, que depois se tornou a célebre “conquistadora”, que haveria de acompanhar o P. Roque em todas as suas longas e arriscadas empresas missionárias no Paraná e no Uruguai.

Pestes, fomes, doenças, catequese, educação rural e agrícola, com tudo isso P. Roque se preocupou e se ocupou. Superava a tudo e a todos com a sua caridade e o seu fervor. Muitos missionários jovens foram mandados fazer estágio com ele.

A 3 de maio de 1626 celebrou a santa missa, a primeira no solo gaúcho brasileiro, batizando a nova fundação de “São Nicolau’’; era a primeira semente do Evangelho, da fé e da civilização nessa região, que desabrocharia, depois, de forma esplêndida.

Em 1628 fundou outras quatro reduções: Candelária, Caaçapá-Mirim, Caaró e Assunção do Ijuí ou Pirapó. Mas o seu trabalho missionário atraía o ódio dos feiticeiros e dos maus índios. E assim, a 15 de novembro de 1628, logo após a santa missa, emissários do soberbo feiticeiro Nheçu, que dominava a região próxima, descarregaram dois violentos golpes de itaiçá (clava de pedra) na cabeça de Roque. Pouco depois assassinaram também o companheiro de Roque, P. Afonso Rodrigues. E no dia 17 foi a vez do P. João de Cas-tilho, a 50 km de Caaró.

No dia seguinte, ao procurarem reunir lenha para queimar as vítimas, os indígenas enfurecidos ouviram uma voz: “Matastes a quem tanto vos amava e queria! Matastes, porém, meu corpo apenas, pois minha alma está nos céus. Virão meus filhos castigar-vos, sobretudo pelo fato de haverdes maltratado a imagem da Mãe de Deus (a ‘Conquistadora’). Voltarei, contudo, através de meus sucessores, para vos ajudar nos muitos trabalhos, que por causa da minha morte vos hão de sobrevir”. Atribuíram essa voz ao coração do P. Roque; então o arrancaram e transpassaram. Hoje o coração está conservado num relicário.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Consagração das Basílicas dos santos apóstolos Pedro e Paulo

A memória da dedicação das basílicas dos santos apóstolos Pedro e Paulo é nova oportunidade, a quarta do ano, para se refletir sobre a figura e a obra dos Príncipes dos apóstolos e também sobre o culto excepcional a eles tributado através dos séculos. São Pedro e são Paulo, induzidos pelas circunstâncias, tentaram fazer um pequeno balanço de tudo o que o Senhor havia operado por meio deles. Escrevendo “aos que haviam recebido o mesmo destino com a mesma fé preciosa pela misericórdia de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo”, entre outras coisas Pedro declara: “Eu acho certo enquanto estiver nesta tenda do corpo, manter-vos atentos com minhas exortações, sabendo que logo deverei deixar esta tenda, como o Senhor me deu a entender, o nosso Senhor Jesus Cristo. Procurarei que também após a minha partida vos lembreis estas coisas. Com efeito, não foi seguindo fábulas sutis, mas por termos sido testemunhas oculares da sua majestade, que vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo… Esta voz, nós a ouvimos quando lhe foi dirigida do céu, ao estarmos com ele no monte santo” (2Pd 1,13-18).

Por sua vez são Paulo confiava a “seu verdadeiro filho na fé”, são Timóteo: “Sou agradecido para com aquele que me deu força, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me julgou fiel, tomando-me para seu serviço… Superabundou, porém, para mim, a graça de nosso Senhor, com a fé e com o amor que há em Cristo Jesus… Se por esta razão me foi feita misericórdia, foi para que em mim, por primeiro, Cristo Jesus demonstrasse toda a sua longanimidade, como exemplo para os que nele hão de crer, para a vida eterna” (1Tm 1,12-16).

Na qualidade de salvos, o ministério entre o povo de Deus e o supremo testemunho com o derramamento de sangue atraíram aos apóstolos Pedro e Paulo culto de que são clara manifestação as basílicas cuja dedicação hoje comemoramos. As basílicas foram construídas respectivamente, pelos papas Silvestre (314-335) e Siríaco (384-399).

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santas Margarida da Escócia e Gertrudes

No canteiro da santidade são muitas as Margaridas, floridas em grande parte nos jardins reais, como a demonstrarem que não é impossível o casamento entre o diadema da realeza temporal e a eterna bem-aventurança. Entre as muitas santas que têm este nome, a rainha Margarida da Escócia está entre as mais privilegiadas, tendo conseguido a santidade não pelos difíceis caminhos da dor e da humilhação, mas na alegria e na simplicidade. Nasceu em 1046 na Hungria, onde seu pai Edward Aetheling e sua mãe Águeda viviam exilados porque o reino da Inglaterra havia passado para as mãos do rei Canuto. Com a morte desse rei puderam reentrar na pátria.

Houve outra fuga durante as guerras entre dinamarqueses e normandos. Margarida ficou na Escócia, onde conheceu o rei Malcolm III, pelo qual foi pedida em casamento, subindo aos vinte e quatro anos ao trono da Escócia. Da sua união nasceram seis filhos homens e duas mulheres, educados cristãmente pela piedosa Margarida. Ela cuidou igualmente com o mesmo amor do bom andamento familiar e da educação religiosa e civil do seu povo, consentida pelo marido, homem rude e ignorante (não sabia ler nem escrever). Este soube valer-se da ajuda da esposa, culta e sábia e imitando-lhe, a seu modo, o fervor religioso, beijava os livros de devoção, uma vez que não sabia ler.

Margarida morreu a 16 de novembro de 1093 em Edimburgo e foi sepultada em Dunferline. Foi canonizada em 1249.

Santa Gertrudes, chamada a Grande, para distingui-la de uma dúzia de outras santas do mesmo nome, nasceu sete anos depois em 1256. Seus pais confiaram sua educação ao mosteiro cisterciense de Helfta, na Turíngia, onde Gertrudes teve uma sólida formação humanista e religiosa. Mais tarde, aos vinte e cinco anos, quando depois de recitar as completas, teve a primeira visão que transformou sua vida (é ela mesma quem conta), Jesus reprovou seu excesso de aplicação aos estudos.

Desde aquele momento Gertrudes se tornou alma essencialmente contemplativa, acentuando sua devoção ao Sagrado Coração de Jesus, à eucaristia, conformando sua imensa piedade às sucessivas experiências místicas. A sua vida “tornou-se hino perene a Cristo”. Morreu a 17 de novembro de 1301 (1302) e embora nunca tenha sido oficialmente canonizada, desde 1738 sua festa litúrgica foi celebrada em toda a Igreja. Santa Gertrudes é a padroeira das Índias ocidentais.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santo Alberto Magno – bispo e doutor da Igreja

Poucos sabem em Paris que a praça Maubert traz o nome do grande santo dominicano, festejado hoje. Maubert deriva de Magnus Albert. Alberto, o Grande, o douto mestre de teologia, de filosofia e de ciências naturais, que pela grande afluência de estudantes às suas lições na universidade de Paris, foi obrigado a ensinar em praça pública. Essa praça tem ainda o seu nome. Alberto nasceu em Lauingen (Baviera) em 1206. Aos 16 anos um tio o trouxe a Pádua para que completasse seus estudos universitários. Aqui encontrou o superior geral dos dominicanos, o bem-aventurado: Jordão de Saxônia, que o encaminhou à vida religiosa.

Em 1229 Alberto vestiu o hábito dos frades pregadores e foi mandado para Colônia, onde havia a escola mais importante da Ordem. Verdadeiro gênio enciclopédico, foi capaz de navegar com extraordinária penetração nos diferentes campos do saber humano desde as ciências naturais até as especulativas. O interesse universal pela cultura, segundo o espírito da época, na qual a filosofia escolástica atingiu o máximo desenvolvimento, conviveu em perfeita harmonia com o empenho ascético de perfeição interior: “Senhor Jesus — rezava —, imploramos a tua ajuda para não nos deixar seduzir pelas vós palavras tentadoras sobre a nobreza da família, sobre o prestígio da Ordem, sobre a que a ciência tem de atrativo”.

Ensinou em Hildesheim, em Friburgo, em Ratisbona, em Estras-burgo, Colônia e Paris. Teve entre seus alunos santo Tomás de Aquino, de quem previu os grandes dotes de pensador. Eleito superior provincial da Alemanha, abandonou a cátedra de Paris e quis estar constantemente presente à comunidade confiada aos seus cuidados. Percorreu a pé as regiões germânicas, pedindo esmola durante a viagem para comer e para dormir. Convocado por Roma teve de aceitar a nomeação para bispo de Ratisbona. Tornou-se proverbial o seu total desapego às comodidades que seu alto cargo lhe podia dar: “No seu cofre não tinha um centavo, nenhuma gota de vinho na sua cantina”.

Regeu a diocese somente por dois anos. Depois pediu e obteve a exoneração do cargo, voltando a viver a vida comum no seu convento de Wurzburg e a ensinar em Colônia. Já velho e cansado, para se preparar para bem morrer, fez erigir a sua própria sepultura, junto à qual ia todos os dias recitar o Ofício dos mortos. Morreu em Colônia a 15 de novembro de 1280. Canonizado em 1931, Pio XII o proclamou patrono dos cultores das ciências naturais. Mereceu o apelido de Grande e de doutor universal.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Diogo – religioso

É um dos santos mais populares da Espanha e da América Latina. É representado no humilde hábito de irmão leigo franciscano, com batina de saco, cordão e chaves para indicar suas funções de porteiro e cozinheiro do convento. O humilde e obediente frei Diogo, em se tratando de fazer o bem aos pobres, não hesitava em privar-se do próprio pão para levá-lo escondidamente a algum mendigo. E Deus mostrou que gostava desse gesto fazendo-o encontrar a cestinha de pães cheia de rosas. O prodígio foi recordado muitas vezes nas imagens populares ou nas igrejas franciscanas da Espanha, ou ainda nos dois ciclos de pinturas dos célebres Murillo e Aníbal Carracci.

Frei Diogo de Alcalá nascera de pais humildes por volta do ano de 1400, em São Nicolau do Porto em Andaluzia, onde passou os anos juvenis em solidão e penitência. O jovem autodidata da ascese cristã levava vida eremítica às margens do povoado natal, dedicando-se à meditação e à oração. Para a sua parca alimentação bastavam-lhe os produtos de sua pequena horta. Quanto ao vestir remendava os panos que o povo dava em troca de modestos trabalhos artesanais. Como sempre acontece, quem mais dá mais recebe. Assim o jovem acabou por atrair a si muitos doadores; para se furtar a eles julgou oportuno pôr-se sob a regra dos franciscanos de Arizafe, próximo a Córdoba, onde fez o noviciado como irmão leigo.

Em 1441 foi enviado como missionário às ilhas Canárias. Naquelas felizes ilhas submersas pelo sol vegetava a idolatria. Frei Diogo aí trabalhou alegremente e cinco anos depois a obediência lhe impôs aceitar o cargo de guardião, isto é, de superior, não obstante ser simples irmão leigo. Seu zelo deveria ser incômodo aos colonizadores que mantinham os indígenas na condição de escravos e tornaram-lhe a vida tão difícil que teve de voltar à Espanha em 1449.

No ano seguinte peregrinou a Roma para assistir à canonização de são Bernardino de Sena. Hóspede do convento de Aracoeli, foi retido em Roma por grave epidemia, que o viu na vanguarda da obra de assistência aos doentes, unindo ao exercício prático da caridade os dons carismáticos de que era dotado para a cura dos atingidos pela epidemia. Voltando à Espanha, continuou desenvolvendo os mesmos encargos de porteiro e cozinheiro em vários conventos, o último deles foi o de Alcalá de Henares, perto de Madri, onde concluiu santamente sua vida terrena a 12 de novembro de 1463. Foi canonizado em 1588 por Sisto V.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Josafá – bispo e mártir

A Rússia foi evangelizada pelos cristãos bizantinos pouco antes do cisma do século XI e seguiu a Igreja grega na separação de Roma, aceitando-lhe a dependência até 1589, quando se tornou autônoma com a elevação do metropolita de Moscou à dignidade de patriarca. Neste mesmo período a Rutênia havia passado do domínio russo ao polonês. Os sacerdotes ortodoxos, entrando em comunhão com Roma, puderam manter os autênticos ritos e as tradições da Igreja eslava. Neste clima ecumênico, que fazia pressagiar a composição do cisma do Oriente, nascia em 1580, de nobre família ortodoxa separada, João Kuncewycz, o futuro apóstolo da unidade dos cristãos do Oriente.

Partindo do grande dom comum aos cristãos, o batismo, João amadureceu a sua completa adesão à unidade com Roma, recebendo os outros bens, como a palavra de Deus escrita, a vida da graça, a fé, a esperança e a caridade. A Igreja russa tinha de fato conservado intacto o essencial da fé e da estrutura eclesial, como os sacramentos, a liturgia, a antiga tradição apostólica e patrística, o culto dos santos, a devoção mariana, o profundo ascetismo. Foi precisamente a espiritualidade monástica oriental, cuja influência deu início a grande florescimento de vida monástica na Europa, que trouxe João à completa união com Roma.

Vestindo a batina e convertendo-se à Igreja rutena unida, teve o privilégio de ser o primeiro noviço do primeiro mosteiro basiliano unido, o da Santíssima Trindade de Vilna. Tinha vinte anos. Mudou o nome, recebendo o de Josafá, o nome bíblico do vale de Cédron, onde, segundo o profeta Joel, se reunirão as almas para o juízo final. Enxertando a antiga espiritualidade basiliana com as novas diretivas de ação dos jesuítas, dos quais acolheu e fez seu o jovem espírito missionário, Josafá, consagrado sacerdote, em seguida eleito arquimandrita e auxiliar do arcebispo Pólozk, empreendeu enorme atividade de apostolado para a reforma da vida monástica e para a unidade dos cristãos, a ponto de merecer o apelido de “raptor de almas”.

Eleito bispo, sucedeu ao arcebispo Pólozk. Foi barbaramente assassinado por um grupo de facínoras a 12 de novembro de 1623 em Vitebst, na Rússia Branca, porque o seu zelo e a sua benemérita ação pela união com a Igreja de Roma havia-lhe atraído o ódio dos ortodoxos separados. Foi canonizado por Pio IX em 1867. A memória obrigatória, decretada no novo calendário, tem significado claramente ecumênico.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Martinho de Tours – bispo

Martinho de Tours é um daqueles homens que fizeram falar de si gerações inteiras por ter sido protagonista de atos capazes de acender a fantasia popular. Todos ouvimos falar do episódio em que são Martinho, cavalgando, envolto na sua ampla manta de guarda imperial, encontra um pobre endurecido pelo frio e com gesto generoso corta em duas a manta, dando a metade ao pobre. À noite, em sonho, viu Jesus, envolto naquela metade de manta sorrindo-lhe reconhecido.

Martinho, filho de tribuno romano, nasceu em Sabaria, Panônia, no ano 315. Aos 15 anos já vestia o uniforme militar. O episódio da manta deve ser posto nesse período, porque aos 18 anos abandonou a milícia, recebeu o batismo para seguir santo Hilário de Poitiers, seu mestre. Após breve noviciado de vida eremítica na ilha Galinária, Martinho fundou alguns mosteiros: Ligugé, o mais antigo da Europa, e Marmoutier, destinado a se tornar grande centro de vida religiosa.

Após uma pausa de vida contemplativa, abriu-se à ativa: Martinho, eleito bispo de Tours, tornou-se o grande evangelizador do centro da França. Tinha sido, como se disse, soldado sem querer, monge por escolha e bispo por dever. Nos vinte e sete anos de vida episcopal conquistou o amor entusiasmado dos pobres, dos necessitados e de todos os que sofriam injustiças, mas era mal visto pelo clero que preferia a vida cômoda. Foi até repreendido por certo padre Brício. Tornou-se proverbial: “Se Cristo suportou Judas, por que eu não suportaria Brício?”.

Morreu a 8 de novembro de 397 em Candes, durante uma visita pastoral. Seus funerais, três dias após, foram verdadeira apo-teose. Pode ser considerado o primeiro santo não mártir a ter festa litúrgica.

A metade da celebérrima manta que são Martinho dividiu com um pobre em Amiens, tiradas numerosas franjas para enriquecer os vários reliquiários, foi guardada cuidadosamente em uma capela. São Martinho deixou traços de si até no vocabulário.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Leão Magno – papa e doutor da Igreja

O papa Leão, nascido na Toscana no fim do século IV, é lembrado nos textos de história pelo prestígio moral e político dos quais deu prova diante das ameaças dos hunos de Átila (que conseguiu prender no Míncio) e dos vândalos de Genserico (de quem amansou a ferocidade no saque de Roma de 455). Elevado ao trono pontifício em 440, Leão, nos vinte e um anos de pontificado (morreu a 10 de novembro de 461), realizou em torno de sua sede a unidade de toda Igreja, impedindo a usurpação de jurisdição, eliminando abusos do poder, temperando as ambições do patriarcado constantinopolitano e do vicariato de Arles.

Não temos muitas notícias biográficas dele. O papa Leão não gostava de falar de si em seus escritos. Tinha uma ideia altíssima de suas funções: sabia assumir a dignidade, o poder e a solidão de Pedro, chefe dos apóstolos. Mas as suas atitudes, constante e rigidamente sacerdotais, hieráticas, não fazem um pano de fundo ao calor humano e também ao entusiasmo, que transparecem dos 96 Sermões e das 173 Cartas chegados até nós. De modo especial as homilias nos mostram o papa, um dos maiores da história da Igreja, paternalmente dedicado ao bem espiritual dos seus filhos, aos quais fala com linguagem acessível, traduzindo seu pensamento em fórmulas sóbrias e eficazes para a prática da vida cristã.

As suas cartas, dado o estilo culto, atento a certas cadências eficazes, dão a medida de sua rica personalidade. Espírito muito compreensivo e de larga visão, não se apega a detalhes de uma questão doutrinal. Todavia participa ativamente na elaboração dogmática do grave problema teológico tratado no concílio de Calcedônia, convocado pelo imperador do Oriente para a condenação do monofisismo.

A sua célebre Epístola dogmática a Flaviano, lida pelos delegados romanos que presidiam a assembleia, forneceu o sentido e, às vezes, as fórmulas da definição conciliar, criando assim unidade efetiva e solidariedade com a sede de Roma, caso único na história da Igreja, desde aquele período até hoje. Leão foi o primeiro papa que recebeu dos pósteros o apelido de Magno (grande),’ não só pelas qualidades literárias e pela firmeza com que sustentou o decadente império do Ocidente, mas pela estabilidade dogmática que transparece das suas cartas, dos seus sermões e das orações litúrgicas da época em que são evidentes a sobriedade e a precisão tipicamente leoninas.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Consagração da Basílica de Latrão

“Perguntou ainda o prefeito Rústico: ‘Onde vos reunis?’ Justino respondeu: ‘Onde cada um pode e prefere; tu pensas que todos nós nos reunimos num único lugar, mas não é assim, porque o Deus dos cristãos, que é invisível, não se circunscreve a um lugar, mas enche o céu e a terra e é venerado e glorificado em qualquer parte pelos seus fiéis” (Atas do martírio de são Justino e companheiros). Na sua franca resposta o grande apologista, são Justino, repetia diante do juiz o que Jesus dissera à samaritana: “Acredita-me, mulher, vem a hora em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora — e é agora — em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade; pois tais são os adoradores que o Pai procura. Deus é Espírito e os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade” (Jo 4,21-24).

A festa de hoje, da dedicação da basílica do Santíssimo Salvador ou de São João do Latrão, não está de modo algum em contradição com o testemunho de são Justino e com a palavra de Cristo. Salvos o dever e o direito da oração sempre e em toda parte, é também verdade que desde os tempos apostólicos, a Igreja, enquanto grupo de pessoas, teve necessidade de alguns lugares onde reunir-se para orar, proclamando a palavra de Deus e renovando o sacrifício da morte e ressurreição de Cristo, concretizando suas palavras: “Tomai e comei todos; tomai e bebei todos; fazei isto em minha memória”.

Inicialmente essas reuniões eram feitas em casas particulares, também porque a Igreja não tinha reconhecimento nenhum. Mas este veio sem muita demora. Há um singular episódio no início do século III, quando Alexandre Severo deu razão à comunidade cristã e um processo contra os hospedeiros, que reclamavam contra a transformação de uma hospedaria em lugar de culto cristão.

A basílica lateranense foi fundada pelo papa Melquíades (311-314) nas propriedades doadas para este fim por Constantino, ao lado do palácio lateranense, até então residência imperial e depois residência pontifícia. Surgia assim a igreja-mãe de todas as igrejas de Roma e do mundo, destruída e reconstruída muitas vezes. Foram celebrados nela ou no antigo Palácio Lateranense nada menos que cinco concílios nos anos de 1123, 1139, 1179, 1215 e 1512. “Mas o tem-plo verdadeiro e vivo de Deus devemos ser nós”, diz são Cesário de Arles.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS