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Santos Félix e Adauto, mártires

A história destes dois santos parece interessar mais à arqueologia que à devoção. Após o seu martírio, que teve lugar provavelmente durante a perseguição de Diocleciano, nos inícios do século IV, foram sepultados numa cripta do cemitério de Comodila, na via das Sete Igrejas, não muito longe da basílica de são Paulo fora dos muros. A cripta foi transformada pelo papa Sirício em basílica, sucessivamente ampliada e decorada de afrescos pelos papas João I e Leão III. Tornou-se assim meta de peregrinações e de devotos até além da Idade Média, quando catacumbas e santuários caíram no esquecimento ou foram devastados. O cemitério de Comodila e o túmulo de Félix e Adauto foram descobertos em 1720, mas a alegria do reencontro durou pouco, pois alguns dias mais tarde a pequena basílica subterrânea ruiu. As ruínas caíram novamente no esquecimento e descuido até 1903, quando a basílica foi definitivamente restaurada. Descobriu-se um dos mais antigos afrescos paleocristãos, no qual aparece são Pedro recebendo as chaves na presença dos santos Estêvão, Paulo, Félix e Adauto.

Segundo o autor de lendária Paixão, escrita no século VII, quando o culto deles estava muito em voga, Félix era presbítero romano, condenado à morte durante a perseguição de Diocleciano. Enquanto era conduzido ao lugar da execução, no caminho que leva a Óstia, da turma de curiosos e dos companheiros de fé saiu um desconhecido, que foi ao encontro do condenado. Chegando a um passo dos soldados encarregados da execução, exclamou em alta voz que era cristão e queria participar da mesma sorte do presbítero Félix. Após terem feito voar a cabeça do presbítero, com a mesma espada decapitaram o audacioso, que ousara desafiar as leis do imperador. Mas quem era este? Ninguém dos presentes conhecia a identidade e foi chamado simplesmente adauctus (= adjunto), de onde Adauto, “aquele que recebeu junto com Félix a coroa do martírio”.

O episódio permaneceu vivo na memória da Igreja romana, que associou os dois mártires numa só comemoração de modo que algumas fontes os definem irmãos. A informação mais antiga acerca dos dois mártires no-la fornece o papa Dâmaso em uma poesia, no qual é elogiado o presbítero Vero por haver-lhes decorado o sepulcro. A difusão do culto deles na Europa setentrional se deu por causa do presente (fragmentos da relíquia destes santos) que o papa Leão IV deu à esposa de Lotário, Hermengarda.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Martírio de são João Batista

A celebração de hoje, que na Igreja latina tem origens antigas (na França no século V, e em Roma no século VI), está vinculada à dedicação da igreja construída em Sebaste na Samaria, no suposto túmulo do Precursor de Cristo. Com o nome de paixão ou degolação a festa aparece já na data de 29 de agosto nos Sacramentários romanos, e conforme o Martirológio Romano essa data corresponderia à segunda vez que encontraram a cabeça de são João Batista, transportada para Roma. Deixando de lado estas referências históricas, temos sobre João Batista as narrações dos evangelhos, em parti-cular de Lucas, que nos fala do seu nascimento, da sua vida no deserto, da sua pregação, e de Marcos que nos refere a sua morte.

Pelo evangelho e pela tradição podemos reconstruir a vida do Precursor, cuja palavra de fogo parece na verdade com o espírito de Elias. No ano décimo quinto do imperador Tibério (27-28 a.C.), o Batista, que tinha vida austera, segundo as regras dos nazireus, iniciou sua missão, convidando o povo a preparar os caminhos do Senhor, pois era necessária uma sincera conversão para acolhê-lo, isto é, uma mudança radical das disposições do espírito. Dirigindo-se a todas as classes sociais, despertou o entusiasmo entre o povo e o mau humor entre os fariseus, a assim chamada aristocracia do espírito, cuja hipocrisia ele reprovava. A estas alturas, figura popular, negou categoricamente ser o Messias esperado, afirmando a superioridade de Jesus, que apontou aos seus seguidores por ocasião do batismo nas margens do Jordão. Sua figura parece ir se desfazendo, à medida que vai surgindo “o mais forte”, Jesus. Todavia, “o maior dentre os profetas” não cessou de fazer ouvir a sua voz onde fosse necessária para endireitar os sinuosos caminhos do mal. Reprovou publicamente o comportamento pecaminoso de Herodes Antipas e da cunhada Herodíades, mas a previsível suscetibilidade deles custou-lhe a dura prisão em Maqueronte, na margem oriental do mar Morto.

Sabemos que fim teve: por ocasião de uma festa celebrada em Maqueronte, a filha de Herodíades, Salomé, tendo dado verdadeiro show de agilidade na dança, entusiasmou a Herodes. Como prêmio pediu, por instigação da mãe, a cabeça de João Batista, fazendo assim calar o “batedor” de Jesus, a voz mais robusta dos arautos da iminente mensagem evangélica. Último profeta e primeiro apóstolo, ele deu a vida pela sua missão, e por isso é venerado na Igreja como mártir.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santo Agostinho, bispo e doutor da Igreja

Do santo que mais que qualquer outro falou de si mesmo — mas o fez com sinceridade e simplicidade, transformando em confissão, isto é em louvor a Deus, tudo o que lhe pertence — não é fácil falar. Homem e mestre, teólogo e filósofo, moralista e apologista: todas imagens que transparecem como que em filigrana, e todas válidas, a quem observe de perto Agostinho de Hipona, bispo e doutor da Igreja. Homem, antes de tudo, com as inquietações, os anseios, as fraquezas, como nos apresenta a leitura de suas Confissões, nas quais mostra a realidade nua e crua de sua alma com sinceridade e candura.

No limiar de sua juventude (nasceu em Tagaste, Tunísia, em 354 do pagão Patrício e da cristã Mônica), Agostinho experimenta as contradições do seu espírito, que tem sede da verdade e se deixa seduzir pelo erro. O estudo de certa filosofia o leva à heresia maniqueia. Percebe o chamado à perfeição moral, mas se vê envolvido na escuridão da carne. Aprende retórica em Cartago, depois ensina gramática em Tagaste até que aos vinte e nove anos toma o caminho do mar e após uma breve parada em Roma, chega a Milão, onde é bispo o grande santo Ambrósio.

A conversão ao cristianismo, propiciada pelas amorosas solicitudes e pelas lágrimas da mãe, chegou à maturidade num episódio singular e misterioso para o próprio Agostinho que, acolhendo o convite: “Toma e lê”, encontra nas palavras do Apóstolo o empurrão decisivo: “Não vos deixeis dominar pela carne e pelas suas concupiscências”. Agostinho pede o batismo ao bispo Ambrósio e depois volta à África em veste de penitência; aí é consagrado sacerdote e depois bispo de Hipona, achando na sincera adesão à verdade cristã e na multiforme atividade pastoral a paz do coração à qual almeja seu coração atormentado pelos afetos terrenos e pela sede de verdade: “Senhor, criaste-nos para ti, e nosso coração não tem paz enquanto não repousar em ti”.

Amado e venerado pelos humaníssimos dons de coração e de inteligência, morre a 28 de agosto de 430 em Hippo Regius, antiga cidade próxima à moderna Bona, na Argélia, enquanto os vândalos apertam o cerco. Vinte anos antes, Roma imperial tinha conhecido a humilhação infligida pelo bárbaro rei Alarico e este evento, para todos os que estavam convictos da perenidade da cidade eterna, moveu o bispo de Hipona a escrever outra obra-prima, a Cidade de Deus.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santa Mônica

Não podia existir um biógrafo mais atencioso e devoto que Agostinho, que ela gerou duas vezes, na carne e no espírito. São palavras que se leem nas Confissões de santo Agostinho: “Ela me gerou seja na sua carne para que eu viesse à luz do tempo, seja com o seu coração para que eu nascesse à luz da eternidade”. Mônica nasceu em Tagaste, na África, de família cristã. Ainda muito jovem casou-se com Patrício, não ainda batizado, do qual teve dois filhos, Agostinho e Navígio, e uma filha, cujo nome ignoramos. Sua vida não foi muito tranquila: teve muitas aflições pelo comportamento do marido, de caráter difícil, propenso à ira; mas teve a consolação de levá-lo à fonte batismal, um ano antes da morte.

Quando ficou viúva, todos os seus cuidados dirigiram-se ao filho mais rebelde à graça, inteligente, mas abúlico. Por ele rezou e chorou. Esteve sempre ao seu lado, doce e discreta, e para não o perder de vista seguiu-o nas várias peregrinações que fez na Itália. “Não acontecerá que o filho destas lágrimas se perca”, disse-lhe em sonho uma voz misteriosa.

Agostinho recebeu o batismo em 387. Passaram juntos o período de verão, aguardando a partida de Mônica para a África, do porto de Óstia. É aqui que Agostinho registra os últimos colóquios com a mãe, dos quais podemos deduzir a grande nobreza de espírito desta incomparável mulher, de inteligência não comum, já que podia trocar pensamentos tão elevados com Agostinho: “Aconteceu — escreve Agostinho nas Confissões, no capítulo IX — que eu e ela encontramo-nos sozinhos apoiados no peitoril da janela, que dava para o jardim interno da casa onde nos hospedávamos, em Óstia. Nós falávamos de coisas de infinita doçura, esquecendo as coisas passadas e projetando-nos para as futuras, e procurávamos juntos, na presença da verdade, como seria a vida dos santos, vida que nem olhos viram, nem ouvidos ouviram e que nunca no coração do homem penetrou”.

As últimas palavras de Mônica neste colóquio nos dão a imagem da sua alma: “Meu filho, quanto a mim não existe nada que me atraia, nesta vida. Nem sei mesmo o que estou fazendo aqui, e porque ainda existo. Uma única coisa me fazia desejar viver ainda um pouco: ver-te cristão antes de morrer. Deus me concedeu algo mais e melhor: ver-te desprezar as alegrias terrenas e só a ele servir. O que faço ainda aqui?”. Dentro de pouco tempo ela morreu em Óstia, antes de embarcar de volta à pátria. Era o ano de 387 e tinha 55 anos.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São José Calasanz, presbítero

Nasceu em Peralta de la Sal, diocese de Urgel, em Aragão, no ano 1557. Ordenado sacerdote aos 28 anos, manifestou logo grande inclinação para a vida eremítica. Os seus superiores, para curá-lo, lançaram-no no meio do povo, nomeando-o vigário-geral da diocese. E como a cura não parecesse eficaz, mandaram-no a Roma na qualidade de teólogo em companhia do cardeal Marco Antônio Colonna. Porém, mais que aos cuidados do cardeal, que sabia cuidar por si mesmo da sua própria cultura, dedicou-se com espírito de apóstolo à instrução dos meninos do Trastevere, na paróquia de santa Doroteia, onde era vigário cooperador.

Naquele tempo não existiam problemas escolares na mesa do prefeito de Roma, pela simples razão de que as escolas eram negócio privado. Quem tinha dinheiro suficiente pagava o professor para dar aulas em casa, ou mandava os filhos aos célebres studi (universidades), ou às escolas comunais, instituídas pelos municípios livres, em muitas cidades do norte. Estas últimas faltavam em Roma e nisso pensou José Calasanz. Feita com as poucas economias de que dispunha a primeira escola gratuita aberta aos filhos dos pobres, viu-se encorajado a fazer mais pela afluência de tantos voluntários, que se ofereceram para lecionar gratuitamente aos meninos. Fundou assim a Congregação dos Clérigos Regulares das Pias Escolas, vinculados não só pelos votos de pobreza, castidade e obediência, mas também por quarto voto, que os compromete com a instrução dos jovens.

Esta esperada e benéfica instituição teve imediatamente a notoriedade que bem merecia: a Congregação se espalhou em todos os países europeus, trazendo no entanto mais dores que alegrias ao santo fundador. As provas, às quais Deus submete os seus santos, para separar a boa semente da do joio, não demoraram a afligir José: acusado de incapacidade pelos seus próprios filhos, após a imposição de um visitador desonesto o santo foi destituído do seu cargo e a Congregação desceu ao nível de uma simples confraria, quer dizer, praticamente ficou suprimida. Com admirável paciência e serenidade, José Calasanz arregaçou as mangas e com a obstinação dos pioneiros reergueu o edifício que havia desabado. A Congregação ressurgiu das cinzas, mas com os mesmos programas sociais: de cultivar as jovens inteligências dos meninos de periferia. José morreu na bela idade de noventa anos, a 25 de agosto de 1648 e foi canonizado em 1757.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Bartolomeu, apóstolo

Nas quatro enumerações dos apóstolos, é apresentado com o nome de Bartolomeu. Bar Tholmai, filho de Tholmai (em hebraico Tholmai quer dizer arado ou agricultor). São João não traz o nome de Bartolomeu, mas o de Natanael, por isso os estudiosos concordam em identificar Bartolomeu com Natanael. Foi o apóstolo Filipe quem lhe apresentou Cristo: “Encontramos aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas: Jesus de Nazaré”. “De Nazaré? — replica Natanael — pode vir algo de bom de Nazaré?”. Natanael era de Caná, que dista 14 quilômetros de Nazaré e é proverbial o menosprezo que existe entre povoados vizinhos.

O Mestre, porém, ofereceu logo uma ponte entre ele e o jovem de Caná: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento”. Ao ouvir esse elogio, Natanael manifestou a sua surpresa: “De onde me conheces? Jesus lhe respondeu: ‘Antes que Filipe te chamasse, eu te vi, quando estavas sob a figueira.’ ” O que se passou debaixo da figueira ficará segredo entre o límpido apóstolo e o Messias. Após aquele breve colóquio, Bartolomeu (Natanael) manifestou sua incondicionada adesão a Cristo: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel!”. E Jesus: “Crês só porque te disse: eu te vi debaixo da figueira? Verás coisas maiores que estas”. Natanael-Bartolomeu viu de fato os prodígios operados pelo Mestre, ouviu a sua mensagem, assistiu a sua paixão e glorificação, depois se tornou arauto da Boa Nova, aceitando com o mesmo entusiasmo as consequências de testemunho comprometido.

De suas atividades apostólicas não temos notícias certas. As lições do breviário romano apresentam informações de antiga tradição armênia: “O apóstolo Bartolomeu, que era da Galileia, foi para a Índia. Pregou àquele povo a verdade do Senhor Jesus segundo o evangelho de são Mateus. Depois que naquela região converteu muitos a Cristo, sustentando não poucas fadigas e superando muitas dificuldades, passou para a Armênia maior… onde levou à fé cristã o rei Polímio e sua esposa e a mais de doze cidades. Essas conversões, no entanto, provocaram enorme inveja dos sacerdotes locais, que por meio do irmão do rei Polímio, conseguiram a ordem de tirar a pele de Bartolomeu e depois decapitá-lo”.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santa Rosa de Lima, virgem

Isabel Flores y de Oliva, a primeira santa do Novo Mundo, nasceu em Lima em 1586, de pais espanhóis, que se mudaram para a rica colônia do Peru. O nome Rosa foi um apelido posto pela empregada índia, Mariana. A mulher, maravilhada pela extraordinária beleza da menina, exclamou admirada: “Você é bonita como uma rosa!”, e desde aquele instante começou a chamá-la Rosa e não Isabel. Mais tarde quando Isabel entrou na Ordem Terceira dominicana, quis se chamar Rosa de Santa Maria, e com esse nome fez também seu ingresso no rol dos santos. Santa Rosa de Lima, a mais bela flor do Peru, canonizada em 1671, é venerada não só como padroeira da sua pátria, mas de toda a América Latina e das Ilhas Filipinas.

O que mais se admira nas vicissitudes humanas desta santa, morta aos trinta e um anos, é um inconcebível desejo de sofrimento. Um exame superficial da sua singular personalidade poderia fazer pensar que se trataria de desejo masoquista. Mas esse mundo, aparentemente infeliz, encerra em si, como garrafa cheia de bom vinho frisante, o segredo da autêntica alegria.

No Peru não havia conventos e Isabel Flores impôs a si mesma uma regra de vida austera, segundo o seu modo de ver. Ela dizia a quem a confortava durante a doença: “Se os homens soubessem o que é viver em graça, não se assustariam com nenhum sofrimento e padeceriam de bom grado qualquer pena porque a graça é o fruto da paciência”. Depois, não conseguindo explicar seus sentimentos, acrescentava: “Posso explicar só com o silêncio. O prazer e a felicidade que o mundo pode me oferecer são simplesmente sombra em comparação ao que sinto”. Mas admitia: “Eu não acreditava que uma criatura pudesse ser acometida de tão grandes sofrimentos. Meu Deus, podes aumentar os sofrimentos, contanto que aumentes meu amor por ti”.

Levada à miséria com a sua família, ganhou a vida com o duro trabalho da lavoura e costura, até alta noite. Aos vinte anos rejeitando um bom casamento, pediu e obteve a licença de emitir os votos reli-giosos em casa, como terciária dominicana. Construiu para si uma pequena cela no fundo do quintal. A cama era um saco de estopa. Cingiu a cintura com cilício doloroso, massacrando seu corpo com duras penitências. Como ficasse sozinha doente, foi acolhida pelo casal Maza, em 1614. Sabia que lhe restava pouco tempo de vida, ou melhor: conhecia o dia de sua morte. Todo ano, na festa de são Bartolo-meu, passava o dia inteiro em oração: “Este é o dia das minhas núpcias eternas”, dizia. De fato morreu no dia 24 de agosto de 1617.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Nossa Senhora Rainha

A festividade de hoje, paralela à de Cristo Rei, foi instituída por Pio XII em 1955. Era celebrada, até a recente reforma do calendário litúrgico, a 31 de maio, como coroação da singular devoção mariana do mês a ela dedicado. Para o dia 22 de agosto estava reservada a comemoração do Imaculado Coração de Maria, em cujo lugar entrou a festa de Maria Rainha para aproximar a realeza da Virgem à sua gloriosa Assunção ao céu. Este lugar de singularidade e de proeminência, ao lado de Cristo Rei, deriva-lhe dos vários títulos, ilustrados por Pio XII na carta encíclica À Rainha do Céu (11 de outubro de 1954): Mãe da Cabeça e dos membros do Corpo místico, augusta soberana e rainha da Igreja, que a torna participante não só da dignidade real de Jesus, mas também do seu influxo vital e santificador sobre os membros do Corpo místico.

O latim regina, como rex, deriva de regere, isto é reger, governar, dominar. Do ponto de vista humano é difícil atribuir a Maria a função de dominadora, ela que se proclamou a serva do Senhor e passou toda a sua vida no mais humilde escondimento. Lucas, nos Atos dos Apóstolos, coloca Maria no meio dos Onze, após a Ascensão, recolhida com eles em oração; mas não é ela que dá ordens, e sim Pedro. E todavia precisamente naquela circunstância ela constitui o vínculo que mantém unidos ao Ressuscitado aqueles homens ainda não robustecidos pelos dons do Espírito Santo. Maria é rainha porque é Mãe de Cristo, o Rei. É rainha porque excede todas as criaturas em santidade: “Ela encerra toda a bondade das criaturas”, diz Dante na Divina Comédia.

Todos os cristãos veem e veneram nela a superabundante generosidade do amor divino, que a cumulou de todos os bens. Mas ela distribui real e maternalmente tudo o que recebeu do Rei, protege com o seu poder os filhos adquiridos em virtude da sua corredenção, e os alegra com os seus dons, pois o rei determinou que toda graça passe por suas mãos de rainha. Por isso, a Igreja convida os fiéis a invocá-la não só com o doce nome de mãe, mas também com o reverente de rainha, como no céu a saúdam com felicidade e amor os anjos, os patriarcas, os profetas, os apóstolos, os mártires, os confessores, as virgens. Maria foi coroada com o duplo diadema de virgindade e de maternidade divina: “O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado Filho de Deus”.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Pio X, papa

Gostava de autodefinir-se como “um pobre vigário da roça”. Quando alguém o chamava padre santo ele corrigia: “Não santo, mas Sarto” (Sarto é seu sobrenome). O papa Sarto nasceu a 2 de junho de 1835 em Riese, no Treviso. Foi batizado no dia seguinte com o nome de José Melquior. O pai, empregado da prefeitura, morreu deixando a mulher Margarida Sanson com dez filhinhos para criar. Zezinho, o segundo filho, bem que desejou interromper os estudos do seminário para dar uma mão à família. Mas a corajosa mãe o exortou a prosseguir no caminho empreendido. Ordenado sacerdote aos 23 anos, por nove anos foi capelão em Tômbolo; por outros nove, pároco em Salzano; por outros nove cônego e diretor espiritual em Treviso; nove anos bispo de Mântua e outros nove anos cardeal-patriarca de Veneza; e foi papa durante onze anos (de 1903 a 1914). Morreu a 20 de agosto de 1914, desgostoso pela guerra que já sacudia a Europa. Desde os tempos da Idade Média não se sentava na cátedra de Pedro humilde filho de camponês.

Seu pontificado foi excepcionalmente fecundo pela organização interna da Igreja. Pouco inclinado às finezas diplomáticas, não cuidou das relações da Igreja com o poder político. Suas atitudes intransigentes criaram atritos com a Rússia, com os Estados Unidos (recusou até a visita de Theodore Roosevelt), com a Alemanha, Portugal e França, da qual repudiou a lei da separação entre Igreja e Estado. O papa da amabilidade se mostrou particularmente hostil a toda abertura que pudesse parecer aceitação do difundido modernismo também no meio do clero.

Sua divisa “Restaurar tudo em Cristo” traduziu-se em atenção vigilante para com a vida interna da Igreja: promoveu a renovação litúrgica, derrubou as barreiras seculares que separavam a Cúria romana da prática pastoral, codificou o direito canônico, favoreceu a instrução religiosa das crianças com o catecismo permitindo-lhes fazer a comunhão em tenra idade. Dotado de equilíbrio e discrição, de prudência e força, não obstante tivesse concepção centralista da Igreja em seu governo, outra coisa não queria senão ser o servo de todos e a sua disponibilidade foi na verdade fato novo nos palácios vaticanos. O papa veneziano, sorridente e perspicaz, trocava uma palavra com todos sem observar as regras protocolares. Pobre entre os pobres, para ir ao conclave, que o elegeu papa, teve de tomar dinheiro emprestado para a passagem de trem, que comprou de ida e volta, convencido de que o Espírito Santo não cometeria o erro de sugerir ao sacro colégio que fosse ele o escolhido.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Bernardo, abade e doutor da Igreja

O poder de atração deste santo foi extraordinário. Nascido em 1090 no Castelo de Fontaine, próximo de Dijon, o terceiro de seis irmãos, ainda muito jovem decidiu tornar-se monge em Cister. Tescelino, o bom pai de Bernardo, ficou consternado: um após outro, os filhos abandonavam os confortos do castelo para seguir Bernardo: Guido, o primogênito, deixou até a esposa, que também se fez monja. Nissardo, o caçula, também despediu-se do mundo, seguido pela única irmã, Umbelina e pelo tio Gaudry, que despiu a pesada armadura para vestir o hábito branco. Por último também Tescelino pediu entrada no mosteiro onde estava praticamente toda a família. Um êxodo tão completo como este não se verificou talvez nunca na história da Igreja. E como outros numerosos jovens pedissem entrada entre os cistercienses, foi necessário fundar outros mosteiros. Disso foi encarregado Bernardo, que deixou Citeaux abraçando uma pesada cruz de madeira e seguido de doze religiosos que cantavam hinos e louvores ao Senhor.

O pequeno grupo, após longa marcha, fez uma parada num vale bem protegido. O lugar era bom e decidiram se estabelecer aí, após tê-lo batizado com o nome de Claraval. Experientes trabalhadores, como todos os beneditinos, os monges logo levantaram aí cabanas para rezar, para dormir e para comer. A antiga regra beneditina era aí observada com todo o rigor: oração e trabalho, sob a obediência absoluta ao abade. Mas Bernardo preferia os caminhos do coração à rígida norma fixa. “Amemos — ele dizia a seus filhos — e seremos amados. Naqueles que amamos encontraremos repouso, e o mesmo repouso oferecemos a todos os que amamos. Amar em Deus é ter caridade; procurar ser amado por Deus é servir à caridade”.

De Claraval, Bernardo expandia a sua luz sobre toda a cristandade. Embora frágil e nunca em ótima saúde, percorreu meia Europa, orientou concílios, pregou uma cruzada à Terra Santa. E depois de laboriosas jornadas retirava-se à cela para escrever obras cheias de otimismo e de doçura, como o Tratado do amor de Deus e o Comentário ao Cântico dos cânticos que é declaração de amor a Maria, pela qual tornou-se até autor e compositor, compondo palavras e música, do belíssimo hino Ave Maris Stella. É sua a invocação: “Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria” da salve-rainha. Poucos instantes antes da morte, ocorrida a 20 de agosto de 1153, assim consolava os seus monges: “Não sei a quem escutar, se ao amor dos meus filhos que me querem reter aqui em baixo, ou ao amor do meu Deus que me atrai lá para cima”.

Foi chamado por Pio XII “o último dos Padres da Igreja, e não o menor”.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS