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São Celestino V, papa

Pedro de Morrone, penúltimo de doze filhos de humildes camponeses de Isérnia, onde nasceu em 1215, é figura emblemática do século de grandes santos, como são Francisco de Assis e são Domingos, mas também de profundas lesões no corpo da Igreja. Foram necessários dois anos de conclave para que os cardeais chegassem a um acordo sobre a eleição do papa na humilde pessoa do ermitão Pedro de Morrone, que assumiu o nome de Celestino V. O pontífice octogenário, eleito a 5 de julho de 1284, depôs a tiara a 13 de dezembro do mesmo ano, fazendo um gesto muito discutido pelos contemporâneos quanto à interpretação. Dante chegou até a colocá-lo no seu Inferno, dando como causa: “Aquele que fez por covardia a grande renúncia”. Ao contrário, foi precisamente nesta oportunidade que o piedoso pontífice mostrara uma extraordinária firmeza de espírito, renunciando à tiara quando percebeu que príncipes e cardeais faziam perigosas manobras políticas a respeito de sua pessoa.

Criado na serena paz do campo, primeiro esteve no mosteiro de santa Maria de Faifoli (1231-32), depois numa gruta do monte Pelenco em completa solidão. Fez a primeira viagem a Roma em 1238 e lá foi ordenado sacerdote com a licença de levar vida eremítica. Estabeleceu-se de fato no monte Morrone, perto de Sulmona, depois no monte Maiella onde em 1246 fundou a primeira comunidade eremítica, que em 1263 o papa Urbano IV aprovou, inserindo-a, porém, na ordem monástica beneditina. Para defender a nova Ordem dos Irmãos do Espírito Santo (mais conhecidos por Celestinos), Pedro de Morrone não hesitou em ir, em 1274, ao concílio de Lião, obtendo o reconhecimento do papa Gregório X.

De volta à Itália, o santo eremita, impulsionado pelo desejo da solidão, andou de um lado para outro para visitar as várias comunidades monásticas, mas sobretudo para se subtrair às várias visitas de devotos admiradores, que o procuravam por causa da fama da sua santidade. Em 1286, convocou o capítulo geral da sua Congregação e nesta assembleia demitiu-se de prior escolhendo para morada primeiro o ermo de são Bartolomeu de Logio, depois o de são João de Orfente, em seguida o ermo de santo Onofre, onde recebeu a notícia de sua eleição ao sumo pontificado ao qual renunciou depois de cinco meses.

Não conseguiu voltar à suspirada paz do ermo, pois o seu sucessor, Bonifácio VIII, temendo que os que apoiaram a eleição de Celestino V criassem novas dificuldades à Igreja, teve-o sob guarda no castelo de Fumone, onde o ex-papa viveu os últimos meses de sua vida no completo isolamento. Aqui o colheu a morte a 19 de maio de 1296. Clemente VI o proclamou santo a 5 de maio de 1313.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

Fonte: Paulus

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São João I, papa e mártir

“Muitas e graves, conforme o juízo dos homens, as tuas culpas de homem e de rei: avidez de possuir e de destruir, muita tolerância da ferocidade e cobiça dos teus sequazes, arrogância e impostura…” Assim, pela boca de um anjo, João Papini apostrofa Teodorico no seu Juízo universal; apaixonada é a réplica: “Eu era o chefe de uma destas turmas de famintos nômades e toda a minha autoridade de capitão e de rei não podia transformá-la num momento num rebanho de salmistas e genuflexos… Romanos robustecidos e godos paganizados teriam de fundir-se num povo único e forte, capaz de dar novamente à Itália o primeiro lugar na terra. Não foi somente minha a culpa se aquele generoso sonho ficou só sonho”. A memória de são João I está unida ao drama político-religioso de Teodorico.

Toscano de nascimento, João sucedera ao papa Hormisda a 15 de agosto de 523. Há quem o identifique com o João Diácono, autor de uma Epístola ad Senarium, importante pela história da liturgia batismal, porque é talvez o único documento que ateste a tradição da Igreja romana de erigir e consagrar no sábado santo sete altares e de derramar no cálice uma mistura de leite e mel. João Diácono é reconhecido também como autor do tratado A fé católica, transmitido pelos antigos entre as obras de Severino Boécio.

Quando o filho de Constâncio se tornou papa, há apenas cinco anos, Hormisda e o imperador Justino, tio de Justiniano, tinham feito cessar o cisma entre Roma e Constantinopla, estourado em 484 pelo Henoticon do imperador Zenão, que tentara um impossível compromisso entre católicos e monofisitas. Com a jogada obtivera também interessantes resultados políticos e os godos eram arianos, lá pelo fim de 524, Justino publicou um edito com o qual ordenava o fechamento das igrejas arianas de Constantinopla e a exclusão dos hereges de toda a função civil e militar. Teodorico então obrigou o papa João I a ir a Constantinopla para solicitar do imperador a revogação do decreto: as manifestações de atenção foram excepcionais: 15.000 saíram-lhe ao encontro com círios e cruzes e o papa presidiu as solenes funções do Natal e da Páscoa.

Justino aderiu ao pedido de restituir aos arianos as igrejas confiscadas, mas insistiu na privação dos direitos dos arianos convertidos ao catolicismo que novamente se tornassem arianos. Foi o suficiente para o suspeito Teodorico mandar matar Boécio e Símaco. Lançado na prisão em Ravena, o papa João I ali morreu aos dezoito de maio de 526.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Pascoal Baylon, religioso

Nascido no dia de Pentecostes, 16 de maio de 1540, em Torre Hermosa no reino espanhol de Aragão e morto nas proximidades de Valência, em Vila Real, a 17 de maio de 1592, dia de Pentecostes, este humilde “irmão leigo”, que não se julgou digno do sacerdócio, foi realmente “pentecostal” isto é, favorecido extraordinariamente pelos dons do Espírito Santo, entre os quais o da sabedoria infusa. Pascoal Baylon, iletrado, passou os anos de vida religiosa exercendo a modesta função de porteiro, mas é considerado o teólogo da eucaristia, não só pelas disputas que sustentou contra os calvinistas da França durante uma viagem sua a Paris, mas também por seus escritos que nos deixou, uma espécie de compêndio dos maiores tratados sobre esse assunto.

Acima das doutas dissertações, a eucaristia foi o centro da sua intensa vida espiritual e mereceu ser proclamado pelo papa Leão XIII patrono das obras eucarísticas e mais tarde patrono dos congressos eucarísticos internacionais. Os seus biógrafos contam que durante as exéquias, no momento da elevação da hóstia e do cálice, o irmão já enrijecido da morte reabriu os olhos para fixar o pão e o vinho da mesa eucarística e prestar seu último testemunho de amor ao divino sacramento.

Seus pais, muito pobres, o haviam encaminhado ao trabalho em tenra idade, mandando pastorear as ovelhas da família e mais tarde a servir de empregado de rico criador. Longe do convívio humano e da igreja, passava horas inteiras em oração, privando-se do pouco alimento para mortificar o próprio corpo, que seguidamente submetia a flagelações. Aos dezoito anos fez o pedido de ser admitido no convento de santa Maria de Loreto dos franciscanos reformados, mas a resposta foi claramente negativa. Ele por sua vez rejeitou uma rica herança que lhe ofereceu um grande criador daquela região, Martino Garcia. Enfim, a fama da santidade e de alguns prodígios operados abriram-lhe as portas do convento, onde pôde emitir os votos religiosos a 2 de fevereiro de 1564, como “irmão leigo”, pois não se julgava digno de aspirar ao sacerdócio.

Enquanto apascentava o rebanho pouco distante do convento, antes de ser admitido, caía em êxtase ao som da campainha da elevação. Este impulso de devoção eucarística foi também a característica da sua vida religiosa, durante a qual acrescentou as mortificações ao corpo, debilitando-o até o limite da capacidade e da resistência. Morreu jovem, com a idade de cinquenta e dois anos. Vinte e seis anos depois, a vinte e nove de outubro de 1618, era proclamado bem-aventurado, e em 1690, santo.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São João Nepomuceno, presbítero e mártir

É quase infalível encontrar o nome deste santo em todos os livros de apologética no capítulo referente às confissões. De fato, ele foi considerado mártir da confissão, e os habitantes de Praga têm grande veneração por este santo que o rei Venceslau fez encarcerar e, depois de o torturar, mandou afogá-lo no rio Moldávia, na vigília da Ascensão de 1393.

Nasceu em Pomuk, na Boêmia, em 1330; daí o seu nome de Nepomuceno; seus pais eram pobres, e estavam em idade avançada quando tiveram este filho pela intercessão da Santíssima Virgem. Para sempre se lembrar da afeição que devia ter para com Nossa Senhora, deram-lhe o nome de João.

Enviado em boa hora à escola, ali aprendeu primeiramente os responsos da missa. Desde que os soube, ía todas as manhãs à igreja dos Cistercienses, fora da cidade, e lá servia todas as missas que se rezavam. As pessoas sábias auspiciavam desde então alguma coisa de grande. À piedade mais terna, ajuntava espírito muito vivo. Seus pais o mandaram estudar a língua latina em Staaze, considerável cidade do país. Aí estudou humanidades, sobretudo a retórica, com maior distinção.

Foi mandado a Praga, para estudar teologia. Carlos IV, imperador da Alemanha e rei da Boêmia, acabava de fundar a universidade de Praga sob o modelo das de Paris, Bolonha e Pádua. Atraíra mestres hábeis de todas as partes da Europa, e os havia contratado, prometendo-lhes magníficas recompensas. A nova universidade ficou célebre desde o seu início. Para lá se dirigiu João Nepomuceno e colou grau de doutor em teologia e direito canônico.

Desde os primeiros anos sentiu forte inclinação para o sacerdócio e para isso havia destinado todos os seus estudos. Não se apresentou ao bispo senão depois de ter passado um mês em retiro e purificado a alma pela oração, jejum e mortificação.

Assim que recebeu a unção sacerdotal, ordenaram-lhe fizesse valer o raro talento que tinha pela pregação. Sua fama de orador sacro conduziu-o à Corte, onde ocupava os cargos de capelão e confessor.

Venceslau, o rei, era indivíduo de mau caráter. Dado às caçadas e possuía grande número de vícios. A imperatriz Joana, filha de Alberto da Baviera, era princesa ornada de todas as virtudes. Tocada pela unção que acompanhava os discursos de João Nepomuceno, escolheu-o para diretor espiritual. Tinha necessidade de tal guia em meio aos desgostos que lhe advinham da parte do imperador.

Quanto aos fatos em si, que levaram são João Nepomuceno ao martírio, ainda não são bem conhecidos, e dificilmente o serão. Narra-se que o rei exigira dele a violação do segredo da confissão da rainha, ao que ele, como bom sacerdote, se opôs. Deste fato, porém, só se fala pela primeira vez na Crônica Imperial do ano de 1449. Ao que parece, baseado em notícias mais antigas, João teria querido defender os direitos da Igreja contra as pretensões do rei, que desejava a constituição de um novo episcopado na Boêmia.

Logo que o imperador o mandou afogar nas águas do Moldávia à noite (para esconder do povo o crime), Deus tornou público o crime pelos milagres que cercaram o cadáver, envolto numa grande luz. Sucederam-se depois muitos outros milagres. Foi canonizado em 1729.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Matias, apóstolo

Matias é nome frequente entre os judeus e quer dizer “dom de Deus”. É o apóstolo que recebeu o dom do grande privilégio de ser agregado aos Doze, tomando o lugar vago deixado pela deserção de Judas Iscariotes. Sua eleição foi mediante sorteio, após a ascensão do Senhor, pela proposta de Simão Pedro, que em poucas palavras fixou os três requisitos para o ministério apostólico: pertencer aos que seguiam Jesus desde o começo, ser chamado e enviado: “É necessário, pois, que, destes homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu no meio de nós, a começar pelo batismo de João até ao dia em que nos foi arrebatado, haja um que se torne conosco testemunha de sua ressurreição”.

Matias esteve, portanto, constantemente próximo de Jesus desde o início até o fim de sua vida pública. Testemunha de Cristo e mais precisamente da sua ressurreição, pois a ressurreição do Salvador é a própria razão de ser do cristianismo. Matias, portanto, viveu com os onze o milagre da Páscoa e poderá com todo o direito anunciar Cristo ao mundo, como espectador da vida e da obra de Cristo “desde o batismo de João”. Também a segunda e a terceira condições, ser divinamente chamado e enviado, estão claramente expressas pela oração do colégio apostólico: “Senhor, tu que conheces o coração de todos, mostra qual destes dois escolheste”.

A eleição de Matias por sorteio pode causar-nos espanto. Tirar a sorte para conhecer a vontade divina é método muito conhecido na Sagrada Escritura. A própria divisão da Terra prometida foi mediante sorteio; e os apóstolos julgaram oportuna a conformidade com esse costume. Entre os dois candidatos propostos pela comunidade cristã, José filho de Sabá, cognominado o Justo, e Matias, a escolha caiu sobre o último. O novo apóstolo, cujo nome brilha na Escritura somente no instante da eleição, viveu com os onze a fulgurante experiência de Pentecostes antes de encaminhar-se, como os outros, pelo mundo afora a anunciar “a glória do Senhor”.

Nada se sabe de suas atividades apostólicas, nem se morreu mártir ou de morte natural, pois as narrações a seu respeito pertencem aos escritos apócrifos. À tradição da morte por decapitação com machado se liga o seu patrocínio especial aos açougueiros e carpinteiros. Sua festa celebrada por muito tempo a 24 de fevereiro, para evitar o período quaresmal, foi fixada pelo novo calendário a 14 de maio, data certamente mais próxima do dia da sua eleição.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Nossa Senhora de Fátima

No dia 5 de maio de 1917, durante a primeira guerra mundial, o papa Bento XV convidou os católicos do mundo inteiro a se unirem em uma cruzada de orações para obter a paz com a intercessão de Nossa Senhora. Oito dias depois a Beatíssima Virgem dava aos homens a sua resposta, aparecendo a 13 de maio a três pastorinhos portugueses, Lúcia de 10 anos, Francisco de 9 e Jacinta de 7.

A Senhora marcou com eles um encontro naquele mesmo lugar, lugar espaçoso e descampado denominado Cova da Iria, para o dia 13 de todo mês. Lúcia, a maiorzinha, recomendou aos priminhos a não contarem nada em casa. Mas Jacinta não soube guardar o segredo e no dia 13 de junho, os três pastorinhos não estavam mais sozinhos no encontro.

No dia 13 de julho Lúcia hesitou em ir ao encontro, porque os pais a haviam maltratado, mas depois se deixou convencer por Jacinta e foi precisamente durante a terceira aparição que Nossa Senhora prometeu um milagre para que o povo acreditasse na história das três crianças. A 13 de agosto os três videntes, fechados no cárcere, não puderam ir à Cova da Iria.

A 13 de outubro, último encontro, setenta mil pessoas lotavam o lugar das aparições e foram testemunhas do milagre anunciado: o sol parecia mover-se medrosamente, como se estivesse para destacar-se do firmamento, crescendo entre as chamas multicores. Nossa Senhora, em momentos sucessivos, ia aumentando os prodígios para persuadir a favor da sua mensagem, para dar a sua resposta que empenha todos os cristãos: “Rezem o terço todos os dias; rezem muito e façam sacrifícios pelos pecadores; são muitos os que vão para o inferno por não haver quem se preocupe em rezar e fazer sacrifícios por eles… A guerra logo acabará, mas se não pararem de ofender ao Senhor, não passará muito tempo para vir outra pior. Abandonem o pecado de suas próprias vidas e procurem eliminá-lo da vida dos outros, colaborando com a Redenção do Salvador”.

Ao constatar-se o fato da segunda guerra mundial, os cristãos lembraram-se da mensagem de Fátima. Em 1946, na presença do cardeal legado, no meio de uma multidão de oitocentas mil pessoas, houve a coroação da estátua de Nossa Senhora de Fátima. Em 1951, Pio XII estabeleceu que o encerramento do Ano santo fosse celebrado no santuário de Fátima.

A 13 de maio de 1967, pelo 50º aniversário das aparições de Nossa Senhora, o papa Paulo VI chegou a Fátima, onde o aguardava, juntamente com um milhão de peregrinos, que haviam passado a noite ao relento, Lúcia, a vidente Lúcia.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santos Nereu, Aquiles e Pancrácio, mártires

“Todas as estradas levam a Roma”, diz um provérbio, e de Roma saem algumas das mais célebres estradas do mundo. Em duas dessas estradas a sudeste e oeste, a Ardeatina e a Aurélia, foram sepultados os mártires Nereu, Aquiles e Pancrácio. Embora recordados os três no mesmo dia, 12 de maio, o culto deles foi sempre separado, como dizem os compiladores do novo calendário: “A memória dos santos Nereu e Aquiles e a memória de são Pancrácio são celebradas separadamente com formulários próprios segundo uma antiga tradição romana. Ao contrário, a memória de santa Domitila, introduzida no Calendário romano em 1595, deve ser cancelada, pois o seu culto não encontra fundamento algum na tradição”. Isso resolve também a questão da época em que Nereu e Aquiles deram seu testemunho.

O papa Dâmaso, que pouco depois da metade do século IV falava com absoluta segurança dos dois mártires, refere que viveram no fim do século III e morreram durante a perseguição militar com a qual se iniciou a “era dos mártires” (de Diocleciano). Eles eram levados à força ao tribunal de um “tirano”. Aí aplicavam as ordens de tortura e de execução dos “rebeldes” cristãos, até que atingidos pela coragem e constância dos mártires cristãos decidiram seguir seu exemplo. Privados das insígnias militares, foram por sua vez conduzidos ao suplício que enfrentaram com coragem e alegria.

A gravura que representa santo Aquiles atingido pelo verdugo é considerada a mais antiga representação que ficou de martírio. Abandona-se assim o que referia uma tardia e lendária Paixão do século VI, que unia a tradição do martírio de Nereu e Aquiles com os de Petronila e Domitila respectivamente filha de são Pedro e sobrinha do imperador Domiciano.

Também a história de Pancrácio, martirizado ainda muito jovem sob Diocleciano, foi enriquecida de tantos elementos lendários pela sua tardia Paixão, que é muito difícil separar os reais acontecimentos históricos deste que foi um dos santos mais populares não só em Roma como também em toda a Itália e ainda no exterior: é o patrono da Juventude de Ação Católica e dedicaram-lhe igrejas e mosteiros: a de Roma foi fundada por são Gregório Magno e a de Londres por santo Agostinho de Canterbury (a são Pancrácio é dedicada também uma estação do metrô de Londres, e inglês era Wiseman que fez de são Pancrácio uma das personagens principais de Fabíola). A lenda o tornou vigoroso vingador da veracidade dos juramentos. Sua basílica era uma das estações quaresmais.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santa Joana de Portugal, virgem

Nasceu Joana a 6 de fevereiro de 1452, filha primogênita de Dom Afonso V, e, portanto, herdeira do reino. Mas desde cedo o espírito da jovem princesa estava mais disposta para o serviço de Deus do que para as grandezas da terra. Aos 12 anos já se recolhia ao seu oratório meditando as vidas e martírios dos santos. Quando, aos 15 anos, perdendo a mãe, seu pai lhe confiou o governo da casa real, começou por penitência a usar cilício e túnicas grossas e ásperas, por baixo das vestes finas. Assim assistia às festas da Corte, cobrindo os instrumentos de penitência com pedrarias e panos dourados. Grande parte das noites passava no oratório, ou de joelhos orando, ou deitada no chão, tendo por simples conforto uma almofada em que apoiava a cabeça; e muitas vezes recorria a cruéis disciplinas, para maior perfeito holocausto à justiça divina.

Jejuava a pão e água muitos dias, particularmente todas as sextas-feiras; e para que fosse completa a abstinência observava-a também nas palavras, procurando no silêncio aplicar melhor o espírito à meditação das coisas de Deus. Conforme o costume do tempo, os príncipes tinham uma divisa; a sua foi uma coroa de espinhos. Para os pobres tinha grande caridade, acudindo também com grandes esmolas às cadeias, hospitais e casas religiosas. Na semana santa mandava que lhe trouxessem doze mulheres pobres, sendo a maior parte estrangeiras e das mais desamparadas, e, depois de em grande segredo lhes lavar os pés e os beijar, na quinta-feira santa, as despedia vestidas com roupas novas e com esmola em dinheiro.

Era dotada de singular formosura, pelo que foi pretendida por muitos príncipes; Luís XI de França mandou a Lisboa seus embaixadores a pedi-la em casamento para o delfim; mas a este e a outros se esquivou Joana, porque todo o seu desejo era abraçar a vida religiosa. Em 1471, obteve licença do pai e recolheu-se ao mosteiro Odivelas, onde era abadessa sua tia, D. Filipa. O fato causou grande estranheza e descontentamento. Fizeram muita pressão sobre ela para que desistisse. Deus lhe revelou que essas importunações acabariam quando o pretendente morresse.

A princesa escolhera o mosteiro de Odivelas só provisoriamente, pois tinha os olhos postos no convento de Jesus de Aveiro. Apesar de seu pai lhe ter aconselhado o de santa Clara de Coimbra, ela manteve firmes seus propósitos e entrou no de Aveiro. Aí viveu santamente, dando-se a todos os exercícios religiosos, aos jejuns e penitências constantes e aos trabalhos mais modestos da comunidade, revelando sempre espírito caritativo e tão humilde, que a todos edificava. Imolava seu corpo pela conversão dos pecadores.

Faleceu a 12 de maio de 1490, vítima de cruel doença, cujas dores suportou com invencível paciência. Em Portugal sua festa é celebrada a 12 de maio.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santo Ubaldo, bispo

O nome de Gúbio traz à memória a imagem do manso são Francisco que amansa o temido lobo. Um século antes, outro santo manso e corajoso, trouxera a serenidade à medieval cidadezinha úmbria, amansando lobos muito mais temíveis. Seus biógrafos contam que durante furiosa rixa na cidade, o bispo Ubaldo foi visto atirando-se entre os contendores para fazer a obra de pacificação. Mas não foi poupado, e somente quando caiu ao solo, os concidadãos, arrependidos e confusos, depuseram as armas, unidos finalmente por um mesmo sentimento de veneração para com o amado bispo.

Ubaldo nasceu de família nobre de origem alemã em 1085. Ficou órfão de pai e mãe em tenra idade, foi criado por um tio, que cuidou da educação sobre sólidas bases religiosas. Mas quando tinha pouco mais de 15 anos manifestou o desejo de retirar-se para a solidão a fim de viver como ermitão longe das lisonjas da cidade. Foi o próprio tio a dissuadi-lo, consentindo, porém, que ele fizesse vida comum com os cônegos de são Segundo. Em 1104, foi tirado daí pelo bispo João, que o quis junto de si para confiar-lhe a reforma eclesiástica.

Em 1114, Ubaldo recebeu a ordenação sacerdotal e foi eleito prior da comunidade religiosa acolhida na paróquia de são Mariano, titular da catedral. À primeira comunidade imprimiu novo impulso ascético, baseado no exemplo de são Pedro Damião, que transformara Fonte Avelana em centro exemplar de vida cristã. Para Fonte Avelana dirigiu-se o próprio Ubaldo, depois que um incêndio devastou, em 1126, a catedral e a casa paroquial, dispersando a sua comunidade. Em 1129 o papa Honório II designou-o bispo de Gúbio e lhe conferiu pessoalmente a consagração. Trinta e um anos durou o seu episcopado. Foi pastor manso e previdente, ativíssimo e corajoso. Amado pelo povo pela firmeza com que defendia os fracos contra a arrogância dos feudatários, o bispo Ubaldo soube ganhar o reconhecimento da cidade inteira em 1155, salvando a cidade da ameaça de total destruição da parte de Frederico Barba-roxa. Mas Ubaldo era essencialmente homem de paz: sempre recorria às armas da persuasão, da caridade e da doçura para dobrar os adversários, até os mais obstinados.

Morreu na madrugada do dia 16 de maio de 1160. O sentimento unânime de devoção do povo de Gúbio, que o proclamara seu celeste padroeiro imediatamente depois da morte, antecipou o reconhecimento oficial da Igreja, que o incluiu no álbum dos santos, apenas trinta e dois anos depois, a 5 de março de 1192.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Pacômio, abade

A extraordinária vida dos eremitas, com suas mortificações às vezes excessivas e com o acúmulo e sobrecarga de abstinências, jejuns, vigílias seria na realidade a tradução prática do Evangelho? Sua solidão podia de fato esconder as insídias do orgulho? Para eliminar este perigo, um monge egípcio do século IV, são Pacômio, teve a ideia de nova forma de vida monástica: o cenobitismo ou vida comum, em que a disciplina e a autoridade substituíam a anarquia dos anacoretas.

Ele educou os seus discípulos na vida em comum, constituindo pouco distante das margens do Nilo a primeira “Koinonia”, comunidade cristã, nos moldes da fundada pelos apóstolos em Jerusalém, baseada na comunhão de oração, de trabalho e de refeição, e concretizada no serviço recíproco. O documento fundamental que regulava esta vida era a Sagrada Escritura, que o monge decorava e recitava-a em silêncio (ou em voz baixa) enquanto trabalhava em serviços manuais. Essa era também a principal forma de oração: contato com Deus mediante o sacramento da Palavra.

Pacômio nasceu no Alto Egito, no ano 287, de pais pagãos. Engajado à força no exército imperial com a idade de vinte anos, acabou prisioneiro em Tebas com todos os recrutas. Protegidos pela escuridão, alguns cristãos levaram-lhes comida. O gesto dos desconhecidos comoveu Pacômio, que lhes perguntou quem os havia levado a fazer aquilo. “O Deus dos céus”, foi a resposta dos cristãos. Naquela noite Pacômio orou ao Deus dos cristãos pedindo que o livrasse das correntes, comprometendo-se em troca dedicar-lhe a própria vida ao seu serviço. Obtida a liberdade, cumpriu a promessa agregando-se a uma comunidade cristã de um povoado do sul, o atual Kasr-es-Sayad, onde teve a instrução necessária ao batismo.

Durante algum tempo conduziu vida de asceta, dedicando-se ao serviço da gente do lugar, depois se submeteu à guia de velho monge, Palamon, por sete anos. Durante um intervalo de solidão no deserto, uma voz misteriosa convidou-o a fixar sua morada naquele lugar, ao qual logo teriam vindo numerosos discípulos. Na época de sua morte os mosteiros masculinos já eram nove, mais um feminino. Ficou desconhecido o lugar da sepultura do santo, pois no seu leito de morte fez o discípulo Teodoro prometer que esconderia seu corpo para evitar que sobre o seu túmulo se construísse igreja, imitando o costume de construir capelas sobre a sepultura dos mártires.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS