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Santo André – apóstolo

André era irmão de Simão Pedro e como ele pescador em Cafarnaum, para onde tinham migrado ambos da cidade natal de Betsaida. Jesus — demonstra-o as profissões exercidas pelos doze apóstolos — deu preferência aos pescadores, embora no meio do colégio apostólico os agricultores estivessem representados por Tiago Menor e seu irmão Judas Tadeu, e os comerciantes e homens de negócio estão honrados pela presença de Mateus. Dos doze, o primeiro a ser tirado das tranquilas e fecundas águas do lago de Tiberíades para receber o título de pescador de homens, foi justamente André, seguido logo de João.

Os dois primeiros chamados haviam já respondido ao apelo do Batista, cujo grito os havia arrancado da pacífica vida do dia a dia para prepará-los para a iminente chegada do Messias. Quando o austero profeta lhes indicou Jesus, André e João se aproximaram dele e com emocionante simplicidade limitaram-se a perguntar-lhe: “Onde moras?”, sinal evidente de que em seu coração já haviam feito a escolha.

André foi também o primeiro a recrutar novos discípulos para o Mestre: “André encontrou primeiro seu irmão Simão e lhe disse: ‘Achamos o Messias’. E o conduziu a Jesus”. Por isso André ocupa um lugar eminente no elenco dos apóstolos: os evangelistas Mateus e Lucas colocam-no no segundo lugar, logo depois de Pedro.

O Evangelho menciona o apóstolo André outras três vezes: na multiplicação dos pães, quando apresenta o menino com alguns pães de cevada e poucos peixinhos; quando se faz intermediário do desejo dos forasteiros vindos a Jerusalém para serem apresentados a Cristo, e quando com a sua pergunta provoca a predição por Jesus da destruição de Jerusalém.

Após a Ascensão, a Escritura cala por completo o seu nome. Os numerosos escritos apócrifos que procuram preencher de algum modo esse silêncio são muito cheios de fábulas para merecer crédito. A única notícia provável é que André tenha anunciado a Boa Nova em uma região de bárbaros, a selvagem Sícia, na Rússia meridional, como refere o historiador Eusébio. Também a respeito do seu martírio não há informações certas. A morte na cruz (uma cruz de braços iguais) é referida por uma Paixão apócrifa.

Igual incerteza têm as suas relíquias, transportadas de Patrasso, provável lugar do seu martírio, para Constantinopla, depois para Amalfi. A cabeça, trazida a Roma em 1462, foi restituída à Grécia por Paulo VI. Antiga é a data da sua festa, lembrada a 30 de novembro já por são Gregório Nazianzeno.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Saturnino – bispo e mártir

Saturnino, bispo de Toulouse, é um dos santos mais populares na França e na Espanha, onde é considerado o protetor das corridas (não se diz, porém, se protege o toureiro, o touro ou o povo que assiste). A Paixão de Saturnino é além de tudo documento muito importante para o conhecimento da antiga Igreja da Gália. Conforme o autor da paixão, que escreveu entre 430 e 450, Saturnino fixou sua sede em Toulouse em 250, sob o consulado de Décio e Grato. Naquela época, refere o autor, na Gália existiam poucas comunidades cristãs, compostas por um exíguo número de fiéis, enquanto os templos pagãos ferviam de gente que sacrificavam aos deuses.

Saturnino que há pouco tempo tinha chegado a Toulouse, provavelmente proveniente da África (esse nome é africano) ou do Oriente, como se lê no Missal Gótico, havia já colhido os primeiros frutos da sua pregação, ganhando para fé de Cristo bom número de concidadãos. O santo bispo, para chegar a um pequeno oratório de sua propriedade, passava todas as manhãs diante do Capitólio, isto é, do principal templo pagão, dedicado a Júpiter Capitolino, onde os sacerdotes pagãos ofereciam em sacrifício ao deus pagão um touro para obter as respostas aos pedidos dos fiéis.

Ao que parece a presença de Saturnino emudecia os deuses e os sacerdotes culparam disso o bispo cristão, cuja irreverência teria irritado a susceptibilidade das divindades pagãs. Um dia o povo cercou ameaçadoramente Saturnino e lhe impôs sacrificar um touro no altar de Júpiter. O bispo recusou imolar o animal, que pouco depois seria o instrumento do seu martírio; mais ainda, os pagãos consideraram provocante ultraje à divindade o fato de Saturnino ter afirmado que não tinha medo algum dos raios de Júpiter, impotente porque inexistente. Enfurecidos, pegaram-no e amarraram-no ao pescoço do touro, aguilhoando depois o animal que fugiu enraivecido escada abaixo do Capitólio, arrastando atrás o bispo.

Saturnino, com os membros despedaçados, morreu pouco depois e seu corpo foi abandonado no meio da estrada, recolhido por duas piedosas mulheres, dando-lhe sepultura em uma fossa muito profunda. Sobre esse túmulo, um século mais tarde, santo Hilário construiu uma capela de madeira, que foi logo destruída, e por algum tempo, perdeu-se até sua lembrança. No século VI o duque Leunebaldo, reencontrando as relíquias do mártir, fez edificar no lugar a igreja dedicada a são Saturnino (em francês, Saint-Sernin-du-Taur), que em 1300 assumiu o nome atual de Nossa Senhora do Taur.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Tiago de Marca – presbítero

Sobre este santo, cujo nome está unido ao de são Bernardino de Sena e de são João de Capistrano, que foi seu companheiro nas peregrinações apostólicas por toda a Europa, possuímos muitas notícias, referidas em parte por ele mesmo e em parte pelo humilde irmão leigo, Venâncio de Fabriano, que desde 1463 esteve constantemente ao seu lado. Tiago de Marca, cujo nome no mundo era Domingos Gangali nasceu em Monteprandone (Ascoli Piceno) em 1394. Era ainda muito jovem quando perdeu o pai. Já aos sete anos era pastor, apascentava ovelhas. Apavorado pela obstinada presença de estranho lobo, que mais tarde ele chamará de “Anjo de Deus e não lobo como parecia”, abandonando o rebanho fugiu para Offida e foi morar com um padre, parente seu.

Como na escola aprendia com facilidade, os irmãos deixaram-no estudar. Prosseguiu os estudos de direito civil em Perúgia. Tornou-se tabelião. Estabeleceu-se depois em Florença. Voltando à Marca, para resolver negócios familiares, parou em Assis, e aí, após uma conversa com o prior de Santa Maria dos Anjos, decidiu entrar na família franciscana.

Sabemos também a data da sua profissão religiosa: 1º de agosto de 1416. Seis anos depois, com o sacerdócio, tornou-se pregador: “Em 1422, na festa de santo Antônio de Pádua comecei a pregar em são Miniato de Florença”. Esta será a ocupação principal de sua vida, até a morte ocorrida em 28 de novembro de 1476 em Nápoles.

Por mais de meio século percorreu a Europa oriental e centro-setentrional não só para pregar o nome de Jesus (tema constante de suas homilias, a exemplo do seu mestre, são Bernardino), mas também para cumprir delicadas missões por encargo dos papas Eugênio IV, Nicolau V e Calisto III.

Grande comunicador parecia ficar num lugar somente o tempo suficiente para erigir um mosteiro novo ou para restabelecer a observância genuína da regra franciscana nos conventos já existentes. Os últimos dezoito anos da vida passou-os quase inteiramente pregando nas regiões italianas. Encontrava-se em Áquila na morte de são Bernardino de Sena, em 1444, e seis anos depois pôde presenciar em Roma a canonização solene dele. Seguia-o devotamente frei Venâncio, pelo qual sabemos que durante uma missão pregada na Lombardia, foi feita a frei Tiago de Marca a proposta de eleição para bispo de Milão que o humilde frade recusou. Frei Venâncio, após a morte do mestre, escreveu uma vida na qual conta muitos milagres operados por ele durante a vida e depois da morte.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE:PAULUS

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São Virgílio – bispo

Entre os monges irlandeses, grandes viajantes, desejosos de peregrinar por Cristo, ao lado de Columba, Columbano, Quiliano, Gallo, encontramos são Virgílio, apóstolo de Caríntia e padroeiro de Salisburgo. Foi um dos bispos mais insignes, pela doutrina e pelo zelo pastoral e missionário. Irlandês, nascido no início do século VIII, monge e depois abade do mosteiro de Aghaboe, em 743 deixou a ilha para empreender no continente sua grande viagem missionária, concluída na Caríntia. Morou alguns anos em Kiersy junto a Pepino, o Breve, que em 745 o enviou para evangelizar a Baviera. Aqui o duque Odilon designou-lhe a abadia de são Pedro de Salisburgo e pouco depois, a sucessão do bispo João.

Aquela designação parece ter dado motivo de atrito entre dois santos. São Bonifácio, legado papal na Alemanha, desaprovou não a escolha de Virgílio mas a designação do candidato à sede episcopal feita por Odilon sem havê-lo consultado. Virgílio foi consagrado bispo somente em 755, após a morte de Bonifácio. Entre os dois santos não faltaram divergências de ideias também no campo doutrinal.

Virgílio, homem de profunda cultura, versadíssimo em ciências matemáticas, tanto que mereceu o apelido de geómetra, sustentava no setor cosmológico, a teoria dos antípodas, segundo a qual em contraposição ao nosso mundo (estamos a oito séculos de Galileu e Copérnico) existia outro mundo, habitado por homens e iluminado por um sol diferente do nosso. No campo doutrinal negava, como consequência, a unidade do gênero humano, afirmada pela Escritura.

Na controvérsia, Bonifácio defendia a doutrina tradicional, apoiado pela aprovação do papa Zacarias, que numa carta a ele dirigida definia como perversa a nova teoria. Felizmente no monge irlandês a versatilidade cultural andava junto com a humildade. Deixou de lado as disputas acadêmicas para dedicar-se com zelo à organização da diocese de Salisburgo, inaugurando em 774 a primeira catedral da cidade para onde fez transferir as relíquias de são Ruperto, primeiro bispo daquela sede. Mas não limitou sua ação somente à diocese de Salisburgo, dedicando-se à evangelização da Caríntia, da Estíria e da Panônia. Entre as suas numerosas fundações monásticas está a de Innichen (hoje são Cândido no Alto Ádige). O mosteiro, erigido em 769, foi colocado sob a regra beneditina. A morte colheu o infatigável missionário a 27 de novembro de 784, em Salisburgo, em cuja catedral foi sepultado.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Leonardo de Porto Maurício – presbítero

O santo da via-sacra e da Imaculada Conceição, o frade que salvou o Coliseu de ruína total, o pregador inflamado da Paixão de Cristo. São esses os títulos de são Leonardo de Porto Maurício. Lígure, nasceu em 1676, filho de capitão da marinha, Domingos Casanova, que o deixou órfão em tenra idade. Levado a Roma, fez os seus estudos no Colégio Romano e depois entrou no retiro de são Boaventura, no Palatino, vestindo aí hábito franciscano. Desenvolveu sua atividade sacerdotal prevalentemente em Florença. As cruzes plantadas por seus confrades fora da Porta de são Miniato tornaram-se para ele outros tantos púlpitos ao aberto. Sobre a eficácia de sua palavra fundam-se alguns episódios da vida do santo. No fim de uma prédica sobre a Paixão, na Córsega, os homens, endurecidos pelo ódio secular, descarregaram seus fuzis para cima e se abraçaram em sinal de paz.

Em Florença suas pregações constituíam uma advertência para todos os cidadãos. No jubileu de 1750, proclamado por Bento XIV, o papa Lambertini de Bolonha, fez muito sucesso a via-sacra pregada por frei Leonardo aos 27 de dezembro no Coliseu. Era a primeira vez que se celebrava um rito religioso no anfiteatro Flávio. Desde aquele ano a piedosa tradição se mantém até aos nossos dias e toda a Sexta-feira Santa o papa faz pessoalmente o rito penitencial.

Aquela primeira via-sacra teve também um grande merecimento para a arte: o Coliseu até aquele ano tinha servido como pedreira, mas depois daquela memorável via-sacra foi considerado lugar sagrado, meta de devotas peregrinações, e a sua demolição parou. Frei Leonardo era grande devoto de Nossa Senhora e apaixonado defensor da Imaculada Conceição. Convenceu o próprio pontífice a convocar um Concílio, isto é, um referendum entre os bispos, para proceder depois à proclamação do dogma.

O papa Lambertini preparou para este fim uma Bula que, por várias causas, nunca foi publicada. Em 1751 frei Leonardo morria no predileto retiro de são Boaventura no Palatino, e o próprio papa foi ajoelhar-se ao lado de seu corpo. Sobre o túmulo do santo foi exposta a carta profética escrita por são Leonardo pouco antes da morte. Nela preconizava-se a proclamação do dogma da Imaculada Conceição.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santa Catarina de Alexandria – virgem e mártir

No início do século IV houve troca brusca da parte do poder romano em relação ao cristianismo. Diocleciano, já velho e doentio, deu início à mais cruel das perseguições. No Egito, chamado de China do mundo antigo, a perseguição chegou à mais terrível crueldade: homens, mulheres e crianças eram condenados a suplícios que a fértil e macabra fantasia dos algozes inventava para tornar mais atrozes os sofrimentos dos condenados, a tal ponto que muitos pagãos ficavam com dó e procuravam ajudar os cristãos. Nós agora lemos com certa curiosidade e incredulidade as Paixões, isto é, o balanço das últimas horas dos mártires, os processos e as condenações, suas respostas aos juízes. São frutos quase sempre de piedosas fantasias, contos lendários, conservados com o fim de edificação.

Assim é também o que se refere à santa que hoje comemoramos, a nobre Catarina de Alexandria, cujo martírio atingiu mais a fantasia popular enquanto parecia tratar-se de menina de alta sociedade, inteligente, bela de rosto e de alma. Maximino Daia teria se apaixonado tanto por Catarina a ponto de querer divorciar-se de sua mulher para se casar com ela. Com a firme rejeição de Catarina, pôs cinquenta filósofos para convencê-la de que Cristo, que tinha morrido na cruz, não podia ser Deus. Mas Catarina fazendo uso da arte retórica, e sobretudo dos bons conhecimentos filosóficos e teológicos, acabou por ganhar para a sua parte aqueles sábios, que iluminados pela graça, aderiram ao cristianismo: duplamente vencido aos olhos dos pagãos, eles receberam a coroa dos mártires, porque Maximino os fez trucidar.

Quanto a Catarina, não conseguindo dobrá-la aos seus desejos, Maximino procurou fazê-la triturar pelas rodas de um carro com pontas de ferro, que ao contato com o corpo da menina, dobraram-se como se fossem de vime. Por causa desse episódio os que lidam com rodas elegeram-na como padroeira.

Levada para fora da cidade, Catarina foi decapitada, mas do pescoço cortado, em vez de sangue, saiu, como de certas ervas, leite, merecendo com isso segundo título de protetora daquelas que, tendo pouco leite, devem amamentar seus pequenos. Os prodígios não acabaram aqui: do céu desceram os anjos, que transportaram o corpo da mártir para o monte Sinai, onde mais tarde teria nascido um convento a ela consagrado.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Columbano – abade

Os monges irlandeses foram grandes viajantes, indo para longínquas terras impulsionados pelo desejo de pregar o Evangelho. São Columba, pela metade do século VI, converteu ao cristianismo os pites, cujo território recebeu o nome de Escócia (nome até então limitado a Irlanda). Pouco depois, o quase homônimo são Columbano (conhecido também com os nomes de Colum, Colman, Palumba ou Columba), deixou por sua vez a Irlanda para ir ao continente. Nascido em 528, fez a sua preparação humanística e religiosa em um mosteiro da Irlanda do Norte, em Bangor, sob a direção de são Comgall. É o período em que a Irlanda, chamada “a ilha dos santos”, conta com riquíssima proliferação de santos missionários. Com são Columbano partiram para a Europa um grupo de seis discípulos para aí difundir a vida monástica irlandesa: são Quiliano em Arras, são Gallo no lago de Constância, onde a célebre abadia por ele fundada perpetua o seu nome, são Fursy em Peronne, são Romualdo em Malines, são Livino em Gand, são Virgílio em Salisburgo.

Poucos conhecem a origem irlandesa de são Frediano, venerado em Lucas, santo Urso em Aosta, são Donato em Fiesole, são Folco em Placência, santo Emiliano em Faenza, são Cataldo na Púglia e no coração da Sicília. O próprio são Columbano chegou à Itália e fundou em Bobbio o quinto dos seus célebres mosteiros: os primeiros ele os havia fundado em Luxeuil e em Fontaines na Borgonha, em seguida, em Faremoutiers e em Jouarre. Numa hora de declínio da primitiva cristandade, devido às invasões dos povos germânicos, o florescimento das missões irlandesas de são Columbano foi uma transfusão de linfa generosa por toda a Europa.

São Columbano teve por isso o apelido de “gigante da estatura europeia”. Foi missionário movido por autêntico espírito apostólico e por grande caridade, embora seu temperamento fosse julgado extremamente duro. Foi expulso de Luxeuil, por causa da sua inflexibilidade, pela avó do jovem rei Thierri, que sucedeu ao magnânimo Gontrano. Antes de embarcar de Nantes escreveu uma bela carta aos seus monges com frases ardentes como esta: “Se tirarem a liberdade de alguém, tiram-lhe a dignidade”.

A embarcação, que devia levá-lo para a Irlanda, encontrou vento contrário e o santo missionário, interpretando aquilo como indica-ção da Providência, pôs-se a caminho para o sul, chegando à Itália, onde o rei longobardo Agilulfo e a rainha Teodolinda permi-ti-ram-lhe fundar o mosteiro de Bobbio, em 614, um ano antes de sua morte.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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São Clemente I – papa e mártir

Dos sucessores imediatos de Pedro na cátedra de Roma, o terceiro, de nome Clemente — escreve santo Ireneu no ano 180 — “vira os apóstolos e conversara com eles, ouvira a voz da pregação deles e tivera a tradição deles diante dos olhos”. Não é a única notícia que santo Ireneu nos dá do papa Clemente. Por ele sabemos que o autor da importante carta escrita pela Igreja de Roma à de Corinto é o papa Clemente. Fontes menos credenciadas atribuem a Clemente vários outros escritos entre eles uma carta sobre a virgindade, ou até mesmo um romance autobiográfico, obra evidentemente apócrifa, que testemunha todavia a clara luz que iluminou os nove anos do seu pontificado do ano 88 ao 97.

Foi dito que sua carta aos coríntios é a “epifania do primado romano”, enquanto este primeiro documento papal (protótipo de todas as cartas encíclicas que seriam escritas no decurso dos séculos) afirma a autoridade do sucessor de são Pedro, bispo de Roma, sobre outras igrejas de origem apostólica. A carta, escrita entre os anos de 93 e 97, enquanto estava ainda com vida o apóstolo são João, é dirigida à Igreja de Corinto, dividida por um cisma interno, porque um grupo de fiéis contestava a autoridade dos presbíteros. O papa Clemente confiava: “Vós nos dareis júbilo e alegria se, obedecendo às advertências por nós escritas com a graça do Espírito Santo, rasgardes a ilícita paixão da inveja”.

Com este primeiro ato do magistério, são Clemente deixou o único traço de sua vida. Não se está certo, por outro lado, que o Clemente citado na epístola aos filipenses por são Paulo seja o futuro sucessor de são Pedro; e é improvável que este seja o mártir Tito Flávio Clemente, porque escritores como Ireneu, Eusébio e Jerônimo (e o próprio ofício litúrgico do santo) ignoram o martírio do papa Clemente, a respeito do qual a fantasia popular teceu o enredo de inverossímil lenda: são Clemente, por ter convertido Teodora, esposa de influente oficial do imperador Nerva, teria incorrido na sua vingança. Acusado de feitiçaria, sedução e mandado a uma ilha para carregar barris de água, teria feito nascer um rio com simples toque de picareta. Mais que convencidos de estarem lidando com feiticeiro, os pagãos ataram-lhe uma âncora ao pescoço, jogando-o ao mar, que se retraiu para entregar aos cristãos o corpo do mártir para veneração.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Santa Cecília – virgem e mártir

A popularidade da devoção para com a virgem e mártir romana fez com que o novo calendário litúrgico conservasse sua memória, embora faltem testemunhos anteriores ao século VI. Esta devoção e também o patrocínio de santa Cecília sobre a música sagrada devem-se de fato à sua Paixão, que é posterior a 486. Nesse relato, Cecília é identificada com uma santa homônima, sepultada nas catacumbas de são Calisto e que teria sofrido o martírio durante o império de Alexandre Severo, pelo ano de 230. “O culto de santa Cecília — lê-se na Liturgia das Horas —, em honra da qual no século V foi construída em Roma uma basílica, difundiu-se por causa de sua Paixão. Nela Cecília é exaltada como o modelo mais perfeito de mulher cristã, que por amor de Cristo professou a virgindade e sofreu o martírio”.

Cecília, nobre e rica, ia diariamente assistir à missa celebrada pelo papa Urbano nas catacumbas da via Ápia, aguardada por multidão de pobres, que conheciam a sua generosidade. Cecília, noiva de Valeriano, no dia das núpcias, “enquanto os órgãos tocavam, ela cantava em seu coração somente para o Senhor” (deste trecho da sua Paixão teve origem o patrocínio de Cecília sobre a música sagrada); depois, quando chegou à noite, a jovem disse a Valeriano: “Nenhuma mão humana pode me tocar, pois sou protegida por um anjo. Se tu me respeitares, ele amará a ti, como me ama”.

O esposo decepcionado, não teve alternativa: seguiu o conselho de Cecília. Fez-se instruir e batizar pelo papa Urbano e depois participou do mesmo ideal de pureza da esposa, recebendo em recompensa a mesma sorte gloriosa: a palma do martírio, ao qual, pela graça de Deus, foi associado também o irmão de Valeriano, Tibúrcio. Apesar dessa narrativa parecer fruto de piedosa fantasia, os mártires Valeriano e Tibúrcio, sepultados nas catacumbas de Pretestato, são historicamente certos. Após o processo, referido com abundância de detalhes pelo autor da Paixão, Cecília, condenada à decapitação, recebeu três golpes do algoz sem que sua cabeça caísse: ela pedira e obtivera a graça de rever o papa Urbano antes de morrer.

Aguardando essa visita, ela continuou ainda três dias professando a fé. Não podendo proferir palavras, expressou com os dedos seu credo em Deus Uno e Trino. É nesta atitude que Maderno a esculpiu na célebre estátua.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS

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Apresentação de Nossa Senhora

A memória da apresentação da Bem-aventurada Virgem Maria tem importância, não só porque é nela que é comemorado um dos mistérios da vida daquela que Deus escolheu como Mãe do seu Filho e como Mãe da Igreja, nem só porque nesta apresentação de Maria lembra-se a apresentação de Cristo ao Pai celeste ou melhor de todos os cristãos, mas também porque ela constitui um gesto concreto de ecumenismo, de diálogo com os nossos irmãos do Oriente. Isto salta à vista seja pela nota de comentário dos redatores do novo calendário, seja pela nota da Liturgia das Horas, que diz: “Neste dia da dedicação (543) da igreja de Santa Maria Nova, construída junto ao templo de Jerusalém, celebremos juntamente com os cristãos do Oriente aquela dedicação que Maria fez a Deus de si mesma desde a infância, movida pelo Espírito Santo, de cuja graça tinha sido repleta na sua Imaculada Conceição”.

O fato da apresentação de Maria no Templo, como se sabe, não foi contado por nenhum livro sagrado, enquanto vem proposto com fartura de detalhes pelos apócrifos, isto é, por aqueles escritos muito antigos e por muitos aspectos parecidos com os livros da Bíblia, que todavia a igreja sempre deixou de considerar como inspirados por Deus e, portanto, como Sagrada Escritura. Ora, segundo esses apócrifos, a apresentação de Maria no templo não foi sem solenidade: tanto no momento da sua oferta como durante o tempo de sua permanência no Templo verificaram-se alguns fatos prodigiosos: Maria, conforme a promessa feita pelos seus pais, foi conduzida ao Templo aos três anos, acompanhada por grande número de meninas judias que seguravam tochas acesas, com a presença das autoridades de Jerusalém e entre cantos angélicos.

Para subir ao Templo havia 15 degraus, que Maria subiu sozinha, embora fosse tão pequena. Os apócrifos dizem ainda que Maria no Templo se alimentava com uma comida extraordinária trazida diretamente pelos anjos e que ela não residia com as outras meninas.

Na realidade a apresentação de Maria deve ter sido muito modesta e ao mesmo tempo mais gloriosa. Foi de fato através deste serviço ao Senhor no Templo que Maria preparou o seu corpo, mas sobretudo a sua alma, para receber o Filho de Deus, realizando em si mesma a palavra de Cristo: “Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

FONTE: PAULUS